Workshop sobre o tema ocorreu nesta terça-feira, no Fórum Cível
Uma grande constelação representando os emaranhados da vida interligou os participantes do I Workshop Nacional de Vivências Sistêmicas, realizado nesta terça-feira, 6, no Fórum Cível de Belém. Os 250 integrantes da experiência vivenciaram na prática as ordens do amor e os fundamentos da constelação que são o dar e o receber, o pertencimento e a hierarquia.
“O reconhecimento e equilíbrio dos três fundamentos é que mantém o indivíduo em harmonia. Todo conflito gerado, necessariamente, é ocasionado pela quebra de um deles”, explicou a palestrante do evento e oficiala de justiça Carmem Sisnando, que atua há quatro anos na área e já realizou centenas de constelações.
A cerimônia de abertura do evento foi conduzida pelo desembargador e vice-presidente eleito do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), Leonardo Tavares, que representou o presidente da instituição, desembargador Constantino Augusto Guerreiro, e destacou que o Centro de Solução de Conflitos vem realizando trabalhos significativos que resultam em avanços para o Judiciário na busca por uma cultura de paz.
Em janeiro de 2016, o TJPA foi o primeiro Tribunal a institucionalizar o método Constelação Familiar. Em seu discurso, a desembaragdora Dahil Paraense, responsável pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (NUPEMEC), disse que o evento é um reconhecimento aos esforços que o Poder Judiciário do Estado vem desenvolvendo, abrindo novos e melhores caminhos para a pacífica convivência nas relações humanas e profissionais.
Carmem Sisnando afirma que o método “ajuda as pessoas a encontrarem o caminho para resolução dos conflitos pessoais e a se encontrarem com o sentimento de felicidade. A oficiala de justiça é voluntária na execução do projeto Constelação Familiar junto ao Judiciário e doutoranda em Constelação Familiar pela Universidade de Lisboa.
Com mais de 12 anos de experiência e mais de 400 constelações realizadas, o desembargador do TRT 8ª Região e constelador Walter Paro, palestrou sobre “A Importância das Constelações Familiares no Judiciário”. Segundo ele, o método aplicado ao Judiciário “cria uma consciência nas pessoas para que o problema colocado diante do magistrado possa ser solucionado de forma permanente, e as pessoas não recorram com novas ações e criem mais demandas para o judiciário”.
O objetivo é divulgar o projeto piloto “Aplicação das Constelações Familiares” que está em andamento no TJPA, desde o mês de agosto deste ano, e um novo olhar para a forma de solucionar conflitos. O projeto está em andamento na 2ª e 4ª Vara de Família e mantém a porta aberta para demanda espontânea, servidores e mutirão de conciliação. A ação é coordenada pelo Nupemec.
Dinâmica
Várias surpresas ocorreram ao longo do Workshop. Entre elas, a dinâmica Emaranhados de Vida, levando cada participante a viver um momento de auto constelação. Ao chegar no evento, cada pessoa recebeu na sua credencial uma cor, a qual representava um membro do sistema de origem que é família (pai, mãe e filho). Em seguida, várias fitas de diferentes cores e significados também foram esticadas pelos participantes, formando um grande entrelace de conflitos.
A medida que as fitas eram compartilhadas os palestrantes convidavam o público a refletir sobre a cor da fita que cada um pegou, em relação a cor do crachá. “Nada é por acaso, tudo tem um propósito. Ninguém pegou uma cor de fita por acaso. As pessoas precisam refletir qual o conflito da sua vida a partir disso”, explicou Carmem Sisnado.
O juiz da 2ª Vara Cível e Empresarial da Comarca de Capanema, Agenor de Andrade Correia, pegou a fita branca que representava o conflito e afirmou que tinha tudo a ver com o momento que está vivendo no Judiciáro. “Vivo o conflito de como implementar algo para resolver os conflitos que chegam à Vara que demanda muitos problemas de família. Quero implantar o método na Comarca porque ajudará a diminuir as demandas futuras”, destacou.
As vivências foram conduzidas por cinco consteladores: o oficial de justiça Anderson Sabará, do TRT de São Paulo; a psicólogo Vanessa Abrahams de Campinas, São Paulo; a advogada Dilnéa Cesone, de Salvador; e os administradores Daniel Martins e Pepita Serruya, de Belém. Todos com mais de 10 anos de experiência na área. A oficiala de justiça do TRT de Minas Gerais, Paula Meniconi, também compareceu ao Workshop e atuou como coordenadora das oficinas vivenciais.
Percepção Sistêmica
Durante o Workshop, o Nupemec fez o lançamento do curso de capacitação em “Percepção Sistêmica”, cujo objetivo é ampliar o olhar dos participantes sobre o conflito e levá-los a entender sistemicamente o emocional que existe por trás do processo jurídico. A qualificação será direcionada a magistrados, servidores, promotores, defensores, estudantes e demais operadores do direito. A previsão é que o curso seja realizado em março de 2017, com carga horária de 30h.
Constelação
Constelação familiar é um método inovador que revela o que está por traz do conflito, identificando a real percepção do problema e as possibilidades de solução. A metodologia é referendada pelo Conselho Nacional de Justiça e pode ser aplicada em qualquer área, basta que exista um conflito. O método é feito com bonecos ou pessoas que serão movimentadas de acordo com a percepção e sentimentos de quem está sendo constelado. As dinâmicas apontam não só o problema, mas também a solução.