Dívida de R$ 1,9 milhão motivou assassinato executado pelo grupo
Durou mais de 35 horas o júri popular de seis envolvidos na morte, ocultação de cadáver e furto qualificado cometidos contra o joalheiro Edilson Pereira de Souza, 48 anos, pai de nove filhos, em Marabá, no sudeste do Estado. Iniciada na quarta-feira, 10, a sessão foi encerrada na madrugada de sexta-feira, 12, no Fórum Criminal de Belém, com a sentença do juiz Murilo Simões Mendes, que condenou cinco dos seis acusados.
A pedido da promotoria de justiça da comarca, o júri foi desaforado para Belém, com o objetivo de garantir a segurança dos jurados. Foram condenados quatro integrantes da mesma família, entre eles(as) Maria da Paz Silva Ferreira, 73 anos, a 12 anos de reclusão, e a filha dela, Oinotna Silva Ferreira, 48, que recebeu sentença de 21 anos.
Oinotna Silva confessou que planejou a morte da vítima e que contratou Bruno França, 25 anos, então namorado da filha, Gabryella Ferreira Bogea, 23, pelo valor de R$ 50 mil, para executar o crime. A ré estaria recebendo ameaças do joalheiro – de quem era amiga – por causa de dívida de joias no valor de R$ 1,9 milhão. Ela comprava o material para revender.
Condenado por homicídio simples a nove anos de reclusão, em regime fechado, Bruno disse que foi coagido pela sogra para ajudá-la na ação criminosa. Raphael Ferreira de Abreu, irmão de Gabryella, recebeu a pena de 17 anos de reclusão. Único absolvido, Mateus Freitas Mendes, 26, foi incluído como participe, porém, sem prova da sua participação, foi requerida sua absolvição.
Gabryella Ferreira Bogea foi condenada a 12 anos de reclusão, reconhecida pelos jurados com menor participação. A ré confessou que esteve no local do crime levada pelo namorado e que estava sob efeito de droga (cocaína).
Plano – Após ser atraído por Maria da Paz, Edilson foi amarrado com uma corda de varal e levado até o próprio veículo, onde foi esfaqueado. Em seguida, os assassinos foram até uma área de chácaras, na beira do Rio Itacaiúnas, para desovar o cadáver, encontrado três dias depois.
A decisão do julgamento acolheu a acusação feita pelo promotor de justiça Gerson Daniel, que atua na 1ª Vara do Júri de Belém. A também promotora de justiça Cristine Magella Correa Lima, de Marabá, também participou do julgamento. Além deles, o advogado Olivio Brito Júnior e as advogadas Rosana Cordovil e Claudia Ribeiro Sousa também atuaram, habilitadas pela família da vítima.
O primeiro dia do julgamento foi reservado para ouvir 16 testemunhas, dez delas da acusação. Um delegado que atuou nas investigações prestou informações aos jurados por cerca de seis horas. Matheus Freitas Mendes, único que saiu absolvido, era conhecido de Bruno e morador do condomínio de casas de propriedade de Maria da Paz.
No momento do crime, a família de Edilson morava em Conceição do Araguaia. O homem havia se mudado para Parauapebas, mas ia a Marabá regularmente, por conta do relacionamento iniciado com uma mulher. A Polícia Civil instaurou inquérito para identificar os responsáveis, sob o comando do delegado Marcelo Delgado, com participação do Núcleo de Apoio à Investigação (NAI).
Maria da Paz Ferreira, Oinotna Silva Ferreira, Gabryella Ferreira Bogéa, Mateus Mendes, Raphael Ferreira de Abreu e Bruno Glender foram presos e apresentados na delegacia. Destes, somente Maria da Paz respondeu o processo em liberdade. As prisões ocorreram simultaneamente em Marabá, Imperatriz (MA), Goiânia (GO) e Foz do Iguaçu (PR).