O que é a violência doméstica e familiar contra a mulher? Onde e quando ela começa? Como as mulheres podem organizar redes de proteção nos seus bairros para garantir ajuda e apoio fraterno às vítimas? Essas foram as perguntas que nortearam a Roda de Conversa promovida na escola Maria de Nazaré Marques Rios, no Icuí-Guajará, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, pelo projeto “De Menina à Mulher, Tortura que Ela Não Atura”, do Grupo de Teatro Palha.
O projeto é realizado desde 2018, em parceria com a Coordenadoria Estadual de Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Pará (Cevid), e este ano incorporou também o programa Territórios Pela Paz, do governo do Estado, o TerPaz, depois que a segunda versão foi aprovada em edital da Embaixada da França no Brasil.
O projeto consiste nas palestras feitas pela Cevid sobre violência doméstica e familiar contra a mulher e em oficinas de confecção de bolsas e adereços.
Tânia Santana, vice-presidente do Grupo Palha, diz que a iniciativa, em sua segunda versão, foi pensada para os bairros atendidos pelo TerPaz, diagnosticados entre os que registraram os maiores índices de violência na Região Metropolitana de Belém e explica como funciona a parceria com o Tribunal de Justiça.
“Trazendo esse projeto junto com o TJPA, que faz a palestra inicialmente, para mostrar a essas pessoas o que é essa violência, onde ela começa. O grupo de Teatro Palha entra depois com as oficinas para capacitar essas mulheres, que é só um pontinho, mas é uma das formas que a gente encontrou para ajudar essas mulheres a saírem dessa condição de submissão que elas vivem, principalmente dos seus próprios agressores”.
A juíza auxiliar da Cevid, Reijjane Ferreira de Oliveira, explica que a violência emocional e psicológica é o primeiro degrau de todas as violências cometidas contra as mulheres no ambiente intrafamiliar. Segundo ela, o soco na mesa, o grito, o xingamento sistemático e outras intimidações do gênero são, inclusive, responsáveis pelo adoecimento mental das mulheres, acometidas por depressão, síndrome do pânico, entre outras. Ela avalia que é fundamental que o Judiciário e outras instâncias do Estado estejam nas comunidades para alertar as mulheres a respeito desses riscos.
“Para que, dentro da própria comunidade, as mulheres se organizem como uma rede de apoio, redes sororas, em que uma mulher possa identificar que sua vizinha, sua parente que a sua colega de trabalho está sofrendo violência e possa ajuda-la a compreender aquela violência e ajuda-la a fortalecer para que ela possa pedir ajuda do Estado, fazendo a denúncia ou buscando ajuda para o fortalecimento emocional na rede de assistência do município”.
Empoderamento - A dona de casa Maria do Socorro disse que recebeu a informação sobre as palestras e as oficinas pelo grupo de WhatsApp do conjunto residencial onde ela mora, no Icuí. Ela explica que decidiu participar porque tem filhas e netas e avalia que é preciso sempre ouvir de quem sabe para poder ajudar a quem precisa.
“Tem violência que é só no falar e a mulher não sabe que tá sofrendo essa violência. Eu achei muito importante. Eu vim mais por isso, tenho filhas, tenho neta, já, então, é muito bom a gente está sempre igado nessas coisas, pra gente também falar pra outra pessoas, que tá passando por isso e nem sabe”.
Gestora do Ter Paz no Icuí, Delma Braga, diz que o trabalho com as mulheres é um dos pilares do TerPaz, que busca alternativas para que elas possam superar qualquer situação de violência que enfrentem.
“Empoderar essas mulheres, trazer essas oficinas pra que elas possam estar verificando a sua potencialidade aqui dentro do território é muito importante; hoje vai ser uma roda de conversa sobre empoderamento feminino, sobre situação de violência doméstica, e durante a semana a gente vai ter oficinas de bolsas, depois vai ter oficina de grafite e oficinas de bonecas, que é uma inclusão, as mulheres vão aprender a fazer até pra desenvolver o empreendedorismo delas aqui dentro do bairro”.
Descrição da Imagem:
#ParaTodosVerem #ParaCegoVer
Imagem capturada dentro de uma sala de aula, mostra duas mulheres de máscara apresentando data show a outras mulheres que aparecem de costas sentadas em carteiras escolares.