Cerimônia de posse de Eva Coelho foi transmitida em videoconferência
Em sessão solene transmitida em videoconferência, inédita no Judiciário paraense, tomou posse, nesta terça-feira, 7, a nova desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Eva do Amaral Coelho. A cerimônia de posse ocorreu no plenário Des. Oswaldo Pojucan Tavares, no prédio sede do TJPA, com a presença dos integrantes do Conselho da Magistratura, presidido pelo desembargador Leonardo de Noronha Tavares. Autoridades civis, magistrados, servidores, operadores do direito, além de familiares e amigos da magistrada, acompanharam on line a solenidade, a exemplo do governador Helder Barbalho, do procurador geral de Justiça Gilberto Valente, do defensor público geral João Paulo Ledo, do presidente da Associação dos Magistrados do Pará (Amepa), juiz Adriano Seduvim e do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seção Pará (OAB-PA), Alberto Campos. A nova desembargadora adentrou ao plenário acompanhada por sua mãe, Raimunda do Amaral Coelho.
A magistrada chega ao desembargo da Corte de Justiça após quase 35 anos de magistratura e recebeu as boas vindas dos seus pares em saudação feita pela desembargadora Rosi Maria Gomes de Farias. No rito da solenidade, a nova desembargadora foi agraciada com a comenda da Ordem do Mérito Judiciário em seu grau Grã Cruz, concedida pelo presidente Leonardo Tavares.
Na abertura da sessão, o presidente Leonardo Tavares falou da satisfação de conduzir a sessão de Posse da nova desembargadora. ”Sempre valerá um registro especial entronizar em nossa Corte mais uma ilustre magistrada, enriquecendo o nosso colegiado com a douta experiência e cultura que têm pontuado a brilhante trajetória judicante de Sua Excelência, a doutora Eva do Amaral Coelho. Vale, também, pelas circunstâncias epidêmicas do momento, o caráter inusitado de uma posse virtual, num distanciamento físico que, entretanto, mantêm aproximados pela tecnologia quantos prestigiam esta solenidade, em especial os familiares e amigos da nova desembargadora”.
O desembargador também destacou a presença da mulher no Judiciário, informando que “este momento assume extraordinário valor, ao assegurar a continuidade da supremacia feminina no quórum do Poder Judiciário do Estado, mantendo no Plenário o placar de 17 magistradas a 13 magistrados. Valores e louvores que continuam a alicerçar a continuada construção do majestoso edifício da Justiça, na permanente função institucional que nos cabe, entre os pilares em que repousam os sagrados preceitos da cidadania. Que Deus a abençoe e a proteja sempre, Excelentíssima Desembargadora Eva do Amaral Coelho, nesta nova fase da vida de magistrada, palmilhando com a mesma devoção que a credenciou a esta consagração funcional”.
Saudação e boas vindas
Em sua saudação à nova integrante da Corte de Justiça, a desembargadora Rosi Farias lembrou a trajetória percorrida por Eva Coelho, ressaltando os seus atributos pessoais e profissionais. “Nem mesmo a circunstância excepcional em que este ato solene se realiza será capaz de arrefecer o superior estado de espírito que certamente a envolve, em momento tão especial. Saiba que sua posse foi por demais aguardada neste colegiado, e não apenas pela necessidade de composição do quorum, mas pelos sólidos atributos de que é detentora”.
Ressaltou ainda Rosi Farias que a vasta experiência profissional e cultura jurídica da nova desembargadora “acrescentarão à esta Corte, valores reconhecidos pela comunidade jurídica paraense, e que com certeza muito contribuirão para a nossa prestação jurisdicional”. Por fim, disse estar convencida de que “o novo ciclo profissional da nobre colega, continuará sendo o mesmo que norteou seu caminho desde o ingresso na magistratura, por opção preferencial”.
Homenagem e agradecimento
Ao iniciar seu discurso de posse, a desembargadora Eva do Amaral Coelho pediu aos presentes um minuto de silêncio em memória dos magistrados e servidores, bem como de colegas seus do concurso para juiz de 1985, que perderam a vida durante a pandemia. Em especial, a desembargadora ressaltou a memória da desembargadora Nadja Nara Cobra Meda, que a antecedeu na atual vaga para o desembargo, lembrando de sua dedicação e competência na carreira da magistratura.
A desembargadora lembrou de sua caminhada, desde a infância, destacando o apoio e insistência de sua mãe para a sua formação, perpassando pelo exercício da advocacia, ingresso na magistratura, pelas comarcas por onde passou até a sua ascensão ao desembargo. Falou do misto de alegria e tristeza em sua ascensão ao desembargo. Alegria pela evolução na carreira, pela semente plantada ter germinado e produzido frutos, mas triste porque a vacância ao cargo se deu pela perda da desembargadora Nadja Nara, companheiras que eram na carreira, desde os estudos até a aprovação no concurso e a caminhada na Justiça, e também pelo fato da realidade que o mundo vive.
“Assumo hoje este desafio em meio a um flagelo mundial, o qual alcançou o país e, consequentemente, este Estado, obrigando todos a um confinamento durante três meses. Esta situação impediu que aqui estivessem familiares e pessoas gratas. Grave tanto na questão politica quanto social e econômica, é a ocasião que se vivencia. Questões estas que afetam diretamente os poderes da República, observando-se, em função disso, uma população acuada, amedrontada, faminta, confinada, o que leva ao surgimento de conflitos diretos que se resvalam diretamente para o Judiciário, chamado que é a dirimir questões as mais diversas”. A desembargadora ressaltou ainda a necessidade de defesa dos direitos constitucionais da magistratura.
Ainda em seu discurso destacou: “Ciente estou do enfrentamento de questões com as quais, como membro deste Colegiado, irei me deparar. Entretanto, tenho certeza de que juntos iremos conseguir vencer esta etapa, sempre colocando em primeiro lugar a justiça e a manutenção do estado democrático de direito. Coloco-me aqui, senhores, à disposição para lutar pelo engrandecimento desta Corte, predisposta a aprender com cada um dos meus pares, atuando com a mesma bravura com a qual lutei durante todos esses anos, e, tal qual um soldado, me apresento para o bom combate a exemplo do apóstolo Paulo”.
A magistrada finalizou afimando que “trago ainda na bagagem os valores com os quais sempre defendi a magistratura, pautando a minha conduta pelos princípios que me foram repassados ao longo da vida primeiro pelos meus pais e em seguida por pessoas que muito me orientaram: lealdade, honradez, caráter, franqueza e honestidade”.