Caso Caribé
Na próxima terça-feira (14), às 9h, o Fórum do município de Bragança - nordeste do Estado - receberá a primeira audiência coletiva do caso do assassinato de José Valmeristo Soares, o Caribé, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) em setembro de 2010.
Para acompanhar o caso de perto, integrantes do Movimento decidiram acampar em frente ao Fórum da cidade. “Vamos retomar o debate sobre violência no campo no nosso Estado e a criminalização dos movimentos sociais”, explicou Ulisses Manaças, do MST, em coletiva na manhã desta sexta-feira (10), em Belém, para falar sobre o caso.
A advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Ana Cláudia Lins, explica que têm receio sobre o resultado do julgamento: “Estamos temerosos de que os envolvidos abusem do poder econômico para mudar os rumos do processo. Infelizmente isso acontece muito nesses casos do Pará, onde os acusados se utilizam de um arcabouço político para se acobertar da Justiça”.
Omissão
Para o MST e a SDDH, a polícia dos municípios de Santa Luzia do Pará e Bragança, local da comunidade de Cacoal do Peritó, onde o crime aconteceu, foi omissa. “Temos vários relatos de que a Polícia estava trabalhando junto aos donos da fazenda, e por isso que não recebemos qualquer apoio depois de termos feito a denúncia. O corpo do Caribé teve que ser retirado pelo pessoal do movimento, quase um dia depois”, conta Ulisses Manaçás.
Mais de 30 testemunhas foram arroladas para depor na terça-feira, incluindo a testemunha ocular, João Batista Galdino, que estava com Caribé e conseguiu fugir no momento do crime.
São acusados de homicídio e tentativa Pedro Jakson, vulgo Jak; Ademir Oliveira, conhecido como Rato; e Orlando Nonato, o Maranhão. O pastor evangélico e proprietário da fazenda Cambará, Marcos Bengston, é acusado de ser mandante do crime. Ele ficou 40 dias preso, antes de conseguir esperar o processo em liberdade.
Ulisses Manaças conta que o MST terá o apoio de diversos sindicatos e que espera que a mobilização “dê mais celeridade ao caso.A maioria desses crimes rurais no Pará sequer tem inquérito policial concluído, então esse é emblemático para nós”.