Grevistas e governo participam de nova reunião hoje. Um dos maiores impasses é com relação ao pagamento dos retroativos
A reunião de conciliação marcada para hoje entre o governo do Estado e os servidores da rede pública estadual que estão em greve há 47 dias só deve terminar em acordo se a proposta apresentada no encontro de hoje, programado para começar às 9h, com direito a mediação do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ-PA), contiver itens concretos relacionados à regulamentação da jornada de trabalho dos docentes visando 50 horas mensais, fora as horas passadas em sala de aula, para a preparação de atividades pedagógicas e ainda um cronograma de pagamento dos retroativos relacionados ao exercício de 2011.
Segundo o Sindicato de Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), ontem, segundo dia em que os grevistas ocuparam o hall da Assembleia Legislativa (AL) em protesto às dificuldades impostas pelo governo para que se chegue a um consenso, cerca de 98% das escolas da Região Metropolitana de Belém (RMB) tinham aderido à paralisação.
O ato programado para ontem de manhã na AL transcorreu sem tumultos ou muito barulho. Membros do Sintepp, apoiados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Sindetran), que também se fizeram presentes no prédio, iam ao microfone fazer relatos relacionados às necessidades de melhorias de condições de trabalho da categoria e ainda dos servidores públicos em geral.
“Não temos como abrir mão desses dois itens, já cedemos demais, e se o governo demonstrar viabilidade para esses dois pontos, nós suspenderemos a greve. Nós queremos e precisamos voltar às salas de aula”, afirmou a secretária-geral do Sintepp, Sílvia Letícia.
Durante a reunião de hoje, haverá um ato na AL. À tarde, os servidores se reúnem em assembleia para decidir se mantêm a greve.
No início da noite de ontem, durante a abertura dos Jogos Escolares da Juventude, realizada na Escola Superior de Educação Física, onde funciona um dos campi da Universidade do Estado do Pará (Uepa), no bairro do Marco, houve protesto liderado por alunos e professores.
Durante a cerimônia, um grupo tentou, na arquibancada, abrir uma faixa com dizeres que pleiteavam melhores condições nas áreas da saúde e educação, mas a Polícia Militar conteve a manifestação. Do lado de fora, outros grevistas se prontificaram, também segurando faixas, a esperar a saída das autoridades para vaiá-los, e um manifestante chegou a ser empurrado por um PM ao se aproximar o carro em que estava o governador Simão Jatene.
LUTO
“Educação e segurança em luto”, estampava a faixa em frente à AL, na noite de ontem. “É pela situação de esquecimento da educação e da segurança no Estado. Está tudo um caos”, definiu a servidora Cristina Leão, da diretoria da Região Metropolitana do Sintepp.
Era ela quem providenciava as velas que os professores pretendiam acender na escadaria da casa legislativa. O ato em homenagem a Feliciana Mota, morta na tarde de ontem, e em prol da saúde de sargento da Polícia Militar Antônio Hélio Pereira Borges, foi realizada na noite de ontem e contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. O governo não se manifestou até o fechamento desta edição.