Nadson Araújo, de 17 anos, está entre as vítimas da chacina ocorrida em 2014
O juiz Raimundo Alves Flexa determinou durante audiência realizada na última quinta-feira (5), em Belém, em sentença de pronúncia, que deverá enfrentar o Tribunal do Júri José Augusto da Silva Costa, acusado da morte do vendedor ambulante Nadson Roberto da Costa Araújo, 17 anos, durante a chacina ocorrida na capital paraense em novembro de 2014.
Segundo o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), a data do júri será definida após os prazos de possíveis recurso contra a decisão.
Conforme a denúncia, o crime foi motivado para vingar a execução do ex-cabo da Polícia Militar, Antônio Figueiredo, conhecido como cabo Pet. Após o assassinato do PM, uma sequência de homicídios foi registrada em diferentes bairros da capital entre os dias 4 e 5 de novembro de 2014.
Duas testemunhas de defesa foram ouvidas. A única testemunha de acusação compareceu para depor sob a proteção da ouvidora do Sistema Estadual de Segurança Pública (Segup), Eliana Fonseca. Após prestar as informações e responder às perguntas, a testemunha reconheceu o acusado entre duas pessoas com o mesmo tipo físico, que foram colocadas na sala de audiência.
A testemunha contou que, no dia do crime, estava com a vítima e outras duas outras amigas, e que haviam comprado uma garrafa de vinho para comemorar o aniversário de ambos. Nadson Roberto completaria 18 anos no dia seguente. A jovem relatou que José Augusto se aproximou pilotando uma motocicleta na rua dos Pariquis, perguntando se Nadson era "Negrete". Diante da resposta negativa da vítima, o executor teria respondido “é sim”, disparando contra Nadson, que morreu no local.
A chacina
O cabo Antônio Figueiredo tinha 43 anos quando foi morto no bairro do Guamá, em Belém, no dia 4 de novembro de 2014. Na época do crime, ele estava afastado da corporação. Com a morte do policial, outras 10 pessoas foram assassinadas em cinco bairros de Belém durante a noite e madrugada do dia 5. A décima vítima foi Allesson Carvalho, de 37 anos. Ele foi baleado no bairro da Terra Firme durante a chacina e, apesar de ter sido hospitalizado, não resistiu e morreu no Hospital Metropolitano, em Ananindeua, no dia 6.
A polícia prendeu sete pessoas, quatro acusadas de participar da chacina, e as demais teriam envolvimento na morte do cabo da Polícia Militar, mas o inquérito corre em sigilo. A Promotoria de Justiça Militar indiciou 14 PMs por participação na chacina. A corporação abriu investigação contra nove policiais. Os processos também não foram concluídos.