Babá foi flagrada por câmera escondida. Ela nega que agrediu a criança.
A justiça de Redenção decretou a prisão preventiva da babá, Maria Oneide da Conceição, 41 anos, detida na noite do último sábado (4), suspeita do crime de tortura praticado contra uma criança de apenas nove meses de idade. Conceição foi detida pelo delegado Washington e o investigador Maurício, quando chegava em sua casa, no setor Alto Paraná, em Redenção no sul do Pará.
A babá já se encontra à disposição da justiça no Centro de Recuperação Regional de Redenção (CRRR). A detenção ocorreu depois que o pai da criança, o vendedor Sinvaldo Passos dos Santos, de 35 anos, procurou a Delegacia de Polícia Civil de Redenção e mostrou as imagens de uma câmera escondida que havia sido instalada por ele, no quarto da criança. As imagens revelaram os maus-tratos e agressões que o bebê sofria.
O vendedor, há dias, vinha desconfiado que sua filha estivesse sendo maltratada pela empregada que tinha apenas 20 dias que havia sido contratada pela operadora de caixa de supermercado, Leila Aparecida de Santos, mãe da criança. Nas imagens, a babá aparece segurando a criança por uns dos pês e arremessa a inocente em cima da cama. Em outra cena ela bate com a cabeça do bebê no chão. Como se não bastasse, a criança leva palmadas, no momento de colocar a fralda.
As imagens chocaram o pai e a mãe do bebê, que de imediato procuraram a delegacia para solicitar a prisão da acusada. Para a imprensa, o pai da criança disse que se controlou muito para não fazer uma besteira com a mulher que ele considera como monstro. “Quando vi as imagens pedi para que ela saísse da minha casa imediatamente, e corri para a delegacia para denunciar o fato e evitar uma besteira”, disse. “A vontade que me deu foi de colocar o monstro dentro do carro, levar para um matagal, amarrar e fazer a mesma coisa que ela fez com minha filha. Graças a Deus que me controlei”, relata Sinvaldo.
As cenas de violência praticada contra a criança, chocou os policiais que estavam de plantão na depol de Redenção. O delegado Washington Oliveira, foi um dos que se emocionou na hora de conversar com a imprensa sobre o fato. “Eu não consigo entender como um ser humano é capaz de fazer um mal tão grande para uma criança indefesa, é muita crueldade”, disse o delegado. O escrivão Haroldo, que estava de plantão e possui uma filha na idade da criança agredida, também não conteve as lágrimas ao olhar as imagens da agressão.
PROCEDIMENTO FOI "NORMAL", DIZ BABÁ
“(A babá) Disse que era um procedimento normal após o banho”. A afirmação do superintendente regional do Araguaia paraense, Antônio Miranda, baseada no depoimento de Maria Oneide da Conceição, é surpreendente. Mesmo diante das imagens registradas pelos pais do bebê de apenas nove meses sendo agredido pela mulher contratada há um mês para cuidar da criança, a vizinha do casal negou o crime. De acordo com o delegado Antônio, a atitude agressiva da mulher só foi descoberta após os pais suspeitarem do comportamento do bebê. “A criança tinha repulso à babá, passava a ter um comportamento estranho. Os pais também notaram pequenos hematomas, lesões que não causaram cortes. Suspeitando que a vítima vinha sofrendo maus-tratos durante algum tempo, o pai resolveu colocar uma câmera na casa pra registrar o que estava acontecendo e conseguiu flagrar”, esclarece.
Maria Oneide era considerada de confiança pelo casal por ser vizinha dele. Trabalhava durante todo o dia há um mês exercendo as funções de babá e empregada doméstica. Com as imagens que flagram a mulher dando tapas, pegando o bebê pelas pernas, de cabeça para baixo, a família da vítima apresentou a prova do crime à Polícia Civil de Redenção, sudeste paraense, que imediatamente prendeu a acusada em flagrante por tortura. Segundo o superintendente regional, a mulher poderá ser penalizada pelo crime m aproximadamente dez anos de reclusão. Maria não possui antecedentes criminais, no entanto, a Justiça manteve a prisão contra ela que permanece em uma penitenciária daquele município.
“Esse tipo de crime é de difícil constatação. Os pais precisam estar atentos para esse crime que acontece na calada. As vítimas também podem ser os idosos. Nesse caso, só foi possível constatar por meio das imagens gravadas pelos pais”, alerta Miranda.
ATENÇÃO
Casos de tortura e maus-tratos a indefesos infelizmente são comuns e ainda hoje acontecem. O grande aliado dos flagrantes são as câmeras de segurança, instaladas por precaução dentro de casa. Porém, não é o suficiente, ficar atento ao comportamento dos filhos é um fator importante para detectar possíveis agressões. De acordo com o delegado Antônio Miranda, os pais devem ficar em alerta a alguns sinais que os filhos podem demonstrar quando sofrem algum tipo de tortura. Segundo ele, os pais da criança tiveram uma atitude correta, pois o primeiro passo é identificar um comportamento estranho.
“Os pais têm que ficar atento às manchas, escoriações e lesões no corpo da criança, tendo em vista que são crimes praticados a escondida, de difícil constatação e comprovação”, explica. Além da mudança de comportamento, a instalação de câmeras é fundamental para a investigação, mas deve ser agregada a outras provas técnicas, periciais e prova testemunhal. O fato da babá não saber que está sendo filmada não pode interferir no inquérito. Segundo o delegado, as câmeras podem ser instaladas quando o direito a vida sobressai ao direito de imagem. (Com Jéssika Ribeiro, de Marabá)