A Justiça Militar decretou, ontem, a prisão preventiva de dois policiais militares lotados em Altamira acusados do desaparecimento do extrativista José Ronaldo de Souza, de 37 anos, ocorrido em dezembro do ano passado, naquele município. A informação foi divulgada ontem pelo promotor de Justiça Militar Armando Brasil. O sargento Edivaldo e o soldado Cristhian (não foram divulgados seus sobrenomes) são lotados no 16º Batalhão PM, conhecido como “Batalhão Xingu”, sediado naquele município do sudoeste paraense.
Ainda conforme o promotor, eles também são acusados de invadir a residência de uma testemunha do caso. “Eles fizeram isso com a intenção de matá-la, o que não ocorreu porque ela se escondeu em um dos cômodos de sua casa”, acrescentou. Segundo a família do extrativista, José Ronaldo foi levado pelos policiais na madrugada de 30 de dezembro e, desde então, não há notícias sobre ele. José Ronaldo foi visto pela última vez pela namorada e um tio dela em frente a uma casa onde conversavam, no bairro de Boa Esperança.
Ainda conforme os familiares, José Ronaldo é morador da reserva extrativista do Iriri e estava em Altamira para tratamento de saúde. “Agrediram ele, algemaram, colocaram no carro e foram embora. A gente ficou olhando. Eles não disseram nada e nem perguntaram nada”, disse, à época, a namorada, que prefere não se identificar. A família registrou ocorrência na Delegacia de Altamira, no mês passado. E, naquela ocasião, os familiares também levaram cartazes até a delegacia pedindo solução para o caso. “Minha mãe está há 8 dias sem
comer e dormir, só chorando. Nós todos estamos abalados com uma coisa dessa, não temos notícia de jeito nenhum e de lugar nenhum. Ficamos muito tristes”, lamentou, no dia 7 de janeiro, a irmã de José, Raimunda da Rocha Souza.
Segundo a cunhada Edilene Alves, o extrativista não tinha passagem pela polícia. “Ele nunca passou pela polícia. A gente queria que quem pegou ele que traga de volta ou fale onde ele está porque a mãe dele sofre muito com isso. Queríamos que ele aparecesse”, disse.
INQUÉRITO
Ontem, e em entrevista a este jornal, o delegado Rodrigo Leão, titular da Polícia Civil naquele município, o caso é investigado como desaparecimento. Com base nas investigações repassadas pela equipe que investiga o caso, o delegado disse que os policiais militares contaram que abordaram José Ronaldo, durante um procedimento de rotina. Mas garantiram que, depois, e por nada terem encontrado de ilegal com o extrativista, o liberaram na via pública. O fato é que, desde então, é desconhecido o paradeiro de José Ronaldo. O inquérito ainda não foi concluído.
Ontem, depois das 17 horas, o delegado não tinha informação sobre a decretação da prisão do sargento e do soldado. Também ontem à tarde, e ao ser perguntada se os dois PMs haviam sido presos, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou o seguinte: “Até o presente momento não recebemos o relatório de atividades da PM de Altamira. A previsão de chegada dessas informações é até o final do dia”.