Carnaval
Uma liminar expedida na sexta-feira, 9, pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJPA), em ação impetrada pela Prefeitura de Belém , suspendeu a realização do carnaval “Jambú do Kaveira”, na Praça do Relógio e em qualquer outra área da Cidade Velha.
Para o organizador do Bloco, André Kaveira, a decisão é arbitrária. “O que está havendo agora é uma absurda intervenção. Nunca houve uma gestão autoritária desse tipo em Belém. O bloco já existe há 21 anos e nos últimos dez anos, percebemos um aumento da participação de idosos e crianças, o que favoreceu a mudança de perfil do bloco, o que antes era um bloco de cortejo passou a ser uma batalha de confete, um festejo estático, sem deixar de ser animado. É um resgate a uma tradição de 50 anos”, refletiu.
O bloco foi convidado pela Prefeitura para desfilar no Portal da Orla, o que mudaria o local de concentração dos foliões. “Já é uma tradição nós nos concentrarmos na Cidade Velha, antes era na Almirante Tamandaré e depois na frente da Prefeitura. O que está acontecendo é que os gestores da Fumbel são proprietários de bandas de música e eles obrigam as pessoas a contratarem os profissionais deles. Mas não aceitamos essa imposição”, acusou Kaveira.
“Resolvemos ir para a Cidade Velha, elaboramos um projeto e encaminhamos para os órgãos competentes. Então, baixaram uma norma impedindo a realização da “Batalha de confete”. Mas isso não atingiu somente a nós. A decisão interveio também sobre os blocos de cortejo porque limitou o tempo de duração e a maneira de se expressar. Isto fere a liberdade de se manifestar. Não é o poder público que deve determinar isso e ainda, de forma esdrúxula. Fere também o princípio de impessoalidade. A forma de agir do prefeito é uma imposição e não de abertura ao diálogo”, pontuou.
No último sábado, 3, os organizadores do Bloco do Jambú entraram na justiça com uma ação civil pública e a justiça concedeu a liminar. No entanto, a Prefeitura recorreu e conseguiu suspender a liminar que permitia o desfile do bloco na Praça do Relógio e nas ruas da Cidade Velha, obrigando o Bloco do Jambú a não montar palco armado. Kaveira afirmou que na próxima segunda-feira, 12, ele irá à Brasilia para acompanhar o processo de perto e que recorrerá no STJ. “Queremos garantir o direito de idosos, crianças e pessoas que não podem comprar abadá de se divertirem”, disse.
Depois da suspensão, o Bloco do Jambú foi convidado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) a participar da folia na Praça Waldemar Henrique, onde será lançado um novo bloco de foliões.
“Uma grande novidade da programação é o lançamento do bloco dos Pigmeus do Boulevard, formado pelos órgãos da cidadania, moradores de rua que foram vistos pela primeira vez e serão inseridos na folia. “Nosso papel é fazer um carnaval para todos, de inclusão, para idosos, crianças, e por que não para os que vivem nas ruas? Eles também precisam de alegria”, completou.
ERRATA
O caderno VOCÊ deste domingo traz a programação do bloco, mas a edição foi foi fechada na sexta-feira, 9, antes de a liminar ter sido concedida pelo TJPA.
(Diário do Pará)