O réu Allan Franklin Ferreira Rego foi condenado na noite desta segunda-feira (29), oito anos e quatro meses de prisão por participação no assassinato do professor universitário Raimundo Lucier Marques Leal Junior, morto em 2012.
O réu enfrentou o júri popular no Fórum Criminal de Belém durante todo o dia. Familiares do professor que estavam presentes na sessão reclamaram do tempo da pena. A promotora do caso Rosana Cordovil informou que irá recorrer para pedir um tempo de pena maior.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), o réu foi condenado, mas os jurados desclassificaram o crime como homicídio qualificado para homicídio simples por conta da colaboração do réu com as investigações e por não possuir antecedentes criminais. A pena de 13 anos foi reduzida para oito anos e quatro meses de reclusão.
Segundo a promotoria, ele foi acusado de ser o mototaxista contratado para conduzir e dar fuga ao assassino da vítima. Segundo Allan, ele teria sido contratado para fazer um frete e não sabia do que se tratava.
“Eu como mototáxi, fiz um frete sem saber do que de fato ia acontecer”, relatou ao júri.
O julgamento, presidido pela juíza Ângela Tuma, começou com o depoimento da primeira testemunha, um ex-policial militar que deu detalhes da execução, já que estava a cerca de sete metros do local do crime e viu quando o atirador correu com uma arma na mão após efetuar os disparos.
“Foi de cinco a sete metros na minha frente. Eu vi toda a ação. Foram cinco tiros, ele errou só o primeiro que pegou entre o retrovisor e a porta” relatou.
Ainda de acordo com o Tribunal de Justiça, o mandante do crime, o engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho, que responde ao processo preso, foi quem levou no próprio carro o executor, Edmilson Ricardo Farias. Imagens de câmeras de segurança ajudaram na identificação do veículo usado na fuga, que levou a polícia ao paradeiro do condutor da moto e aos demais envolvidos no crime. O mandante e o executor estão recorrendo da sentença em pronúncia.
O delegado Vicente Gomes, que atuou na investigação do caso, foi a segunda testemunha a depor, seguida pela professora Fátima Leal, viúva da vítima, que relatou o abalo sofrido pela família e os impactos sentidos na vida profissional com a morte do marido.
Réu nega acusação
O réu Allan Franklin Ferreira Rego, disse que antes de ser mototaxista vendia doces no interior de ônibus coletivos. Sobre o crime, se defendeu e alegou que quem o contratou foi Edmilson.
Pelo trabalho, ele disse que recebeu R$ 20. Ele alegou que ficou esperando o executor por cerca de três horas e que não sabia que "Edmilson" iria praticar um crime. "Eu não sabia que ele estava armado, mas ouvi os tiros. Depois disso, ele chegou comigo dizendo: eu matei um cara, me dá a fuga", conta.
O réu, que está preso há dois anos e oito meses encerrou seu interrogatório dizendo que teve que se segurar para não chorar. "Eu oro pela família [do professor Raimundo Lucier] e pela minha própria vida”, concluiu.
Entenda o caso
No dia 4 de agosto de 2012, o professor Raimundo Lucier foi assassinado, em Belém, quando saía com o carro de uma oficina, localizada na avenida Duque de Caxias, entre as travessas Enéas Pinheiro e Pirajá. Ele foi surpreendido por um homem, que disparou contra a vítima.
O engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho é apontado como o mandante do crime, que teria ocorrido porque a vítima fazia parte de uma comissão que investigava irregularidades no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
Edmilson Ricardo Farias foi denunciado como o responsável por efetuar os disparos contra a vítima, e Allan Franklin Ferreira Rêgo teria dado fuga ao executor em uma motocicleta. Os três envolvidos no crime foram indiciados por homicídio duplamente qualificado.