Comerciante confessa crime e alega legítima defesa
Iniciado às 09h desta segunda-feira, 22, no Fórum de Belém, sob a presidência da juíza Ângela Alice Alves Tuma, o júri do comerciante Albenor Moura de Sousa, prossegue nesta terça-feira. Albenor é réu confesso do assassinato de Raimundo Messias Oliveira de Sousa, sócio fundador da cooperativa de mineração Ouro Roxo, em Jacareacanga, no Oeste do Pará. Raimundo Messias foi morto com um tiro na cabeça em setembro de 2003, na cidade Itaituba.
Também é réu no processo o ex-cabo do Exército, Luiz Miguel Rodrigues Lobo, que fazia cobranças para comerciantes da região. Ele responde por participação no crime de homicídio e ocultação de cadáver.
Em razão do adiantado da hora a juíza suspendeu o júri após depoimentos dos informantes e de interrogar os réus, passando para o segundo dia a fase dos debates, que poderá durar até nove horas. Os jurados foram encaminhados para hotel, acompanhados de oficiais de justiça, para resguardar a incomunicabilidade do Conselho de Sentença.
Participam do júri os promotores de Justiça José Rui Barbosa e Ana Maria Magalhães Carvalho. Eles atuam em conjunto com os advogados assistentes de acusação Márcio José Gomes de Souza e Carlos Figueiredo.
Em defesa dos réus estão atuando os advogados Claudio Dalledone Junior, Caio Fortes de Matheus e Eduardo Imbiriba.
Conforme a acusação, o motivo do crime foi uma dívida de mais de R$ 1 milhão da Cooperativa de Mineração Ouro Roxo com o comerciante Albenor Moura de Sousa, que fornecia combustível e outros produtos à entidade.
O primeiro dia o júri foi marcado pelos depoimentos das informantes Nelly Maria de Sousa e Adiel Simonia Simão, mulheres de ambos os réus. Em seguida, os denunciados foram interrogatórios.
A primeira a depor Nelly Moura, mulher de Albenor, prestou informações sobre a relação comercial existente entre a cooperativa e seu marido. A mulher de Luis Lobo informou sobre o trabalho de cobrador como meio de vida do marido, junto aos garimpeiros da região.
Os interrogatórios dos acusados começaram na parte da tarde e o primeiro a falar foi Albenor de Souza. Ele alegou ter atingido a vítima com um tiro na cabeça em legitima defesa. “Matei para não morrer”, disse.
Conforme a versão do réu, a vítima teria lhe chamado para ir ao seu encontro com as notas promissórias do débito da cooperativa e que seguiriam até a cidade de Santarém, onde a vítima resolveria a pendência da cooperativa.
O réu alegou que foi encontrar o advogado e ambos foram até dua casa para pegar as notas promissórias, tendo este retornado com as notas e também armado por temer que a vítima estivesse também armada.
Após efetuar o disparo de arma contra a vítima, o réu disse ter usado alvejante para limpar o local do sangue da vítima. Depois, enrolou o corpo numa lona plástica transportando até o posto de combustível, onde atirou o cadáver num poço desativado.
Luiz Miguel Rodrigues Lobo, o segundo acusado, era contratado para fazer cobranças de dívidas dos garimpeiros. O ex-militar foi apontado por testemunhas de ter ajudado o comerciante de participar do homicídio, transportar o corpo e ocultar o cadáver. O denunciado nega qualquer participação no crime e jura ser inocente.