Evento realizou 50 audiências nas Varas de Família
A servidora pública Ingrid Lemos Costa, 34 anos, decidiu pôr fim ao conflito judicial na manhã desta sexta-feira, 2, após 11 meses de desentendimento com os ex-companheiro por conta da pensão alimentícia da filha de 10 anos. O acordo ocorreu durante o mutirão de conciliação das Varas de Família de Belém, no Fórum Cível da Capital.
Com a ajuda da mediadora que compõe a mesa de conciliação, Ingrid viu a oportunidade de dialogar. “O direcionamento da mediadora foi excelente. Ela conseguiu nos unir para que nós mesmos resolvêssemos a situação. Em todas as outras audiências não conseguimos conversar, tudo muito burocrático”, destacou a servidora.
A audiência de Ingrid foi uma das 50 agendadas pelo Centro Judiciário de Solução de Conflito (Cejusc - Varas de Família), do Tribunal de Justiça do Pará, que é especializado em buscar soluções para conflitos judiciais de família. A força-tarefa busca solucionar em um só dia processos de divórcio, união estável, guarda de filhos e alimentos.
O Ex-companheiro da servidora, Ronald Scheider Nascimento, 37 anos, também afirmou que, não só a parte financeira ficou resolvida, mas a consciência de que tem que mudar algumas atitudes. “O conflito entre os pais reflete no bem-estar dos filhos, prejudica a criança. Hoje, sei que preciso dar mais atenção a minha filha, não é só dinheiro”, disse.
Este ano, o Cejusc Varas de Família realizou, ao todo, nove mutirões com agendamento de quase mil audiências de conciliação. Todas as nove edições tiveram, em média, 70% de acordos. Pessoas com interesse em conciliar podem solicitar, pessoalmente ou por meio do advogado, à secretaria da Vara que encaminhe o processo ao Cejusc para que seja incluído no próximo mutirão, que ocorrerá no dia de fevereiro do próximo ano. Os acordos possuem o mesmo valor de uma sentença.
De acordo com a coordenadora do Cesjusc Varas de Família, juíza Margui Bittencourt, os resultados dos mutirões estão sendo positivos porque as pessoas estão mais dispostas ao diálogo. Segundo ela, o principal benefício do mutirão é que a parte tem a oportunidade de decidir o que é melhor para elas. “Se o juiz decidir as pessoas podem ficar insatisfeitas e não concordar com a decisão, o que levar as partes a recorrerem e continuar com o processo”, afirmou a magistrada.
O mutirão contou com a mobilização de juiz, promotor e defensor público, conciliadores voluntários, servidores, equipe técnica e terceirizados. O evento tem a parceria do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), unidade articuladora de todos Cejuscs, nos termos da resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).