Juiz reage a assalto e atira em ladrão
A falta de segurança pública que vem colocando o Pará entre os Estados mais violentos do País atinge, inclusive, os que zelam pela Justiça. Quando transitava, por volta das 18h de ontem, pela avenida Pedro Álvares Cabral, em Belém, o juiz José Roberto Pinheiro e sua mulher foram vítimas de assalto por parte de 2 indivíduos armados que estavam em uma bicicleta.
Num ato instintivo de legítima defesa, para proteger a esposa que estava com uma arma apontada para sua barriga, o magistrado deu 2 tiros em direção a um dos assaltantes que, mesmo ferido, conseguiu fugir, sem ferir a mulher. O outro ladrão se rendeu e implorou para não ser morto.
A cena foi rápida e durou poucos minutos. Tudo ocorreu quando a esposa do magistrado retornava ao carro do casal após sair da casa de uma costureira. Já na rua, a mulher foi abordada por um dos assaltantes, que tentou puxar a sua bolsa. Assustada, ela pegou o objeto de volta. Foi aí que teve a arma apontada para a sua barriga, provocando a reação do juiz.
Após atingir 1 dos bandidos o magistrado acionou a polícia e permaneceu no local esperando a chegada das viaturas. Porém, o juiz José Roberto foi avisado por moradores da área que comparsas da dupla de ladrões estavam observando toda a cena e poderiam tentaratacar o magistrado.
JUSTIÇA
Vendo que sua integridade física estava em risco, rapidamente o juiz se dirigiu ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PA) e se apresentou à presidência do Poder Judiciário, tal como determina a Lei Orgânica da Magistratura (Lomam). Ele colocou-se à disposição das autoridades competentes para os procedimentos legais. Apresentou ao Tribunal a arma utilizada e as duas cápsulas deflagradas contra o assaltante.
QUEM É O JUIZ
José Roberto Pinheiro é juiz militar e atua como convocado no TJ-PA. Quando estava na Justiça Militar recebeu ameaças de morte. Por essa razão anda armado.
O TJ-PA vai instaurar um inquérito para apurar os fatos e designar um desembargador para presidir a comissão, cujo relatório será encaminhado para o Ministério Público, que dará um parecer sobre a atitude do magistrado, podendo pedir ao arquivamento do caso se avaliar que José Roberto agiu em legítima defesa. Ao final, será julgado pelo Pleno do TJ-PA.
VIOLÊNCIA PREDOMINA, DIZ PRESIDENTE DE ASSOCIAÇÃO
Heyder Tavares Ferreira, presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Pará (Amepa), lamentou que a violência predomina não apenas no Pará, mas no Brasil como um todo e que vem atingindo cada vez mais integrantes do Judiciário
Heyder Ferreira, presidente da Amepa, lamenta a situação de violência. (Foto:divulgação)
Ele lembrou que, na semana passada, uma magistrada de São Paulo ficou meia hora refém nas mãos de um homem que ameaçou incendiá-la.
O agressor exigiu que a juíza gravasse um vídeo dizendo que ele era inocente das acusações de bater na ex-mulher. “Agora um juiz daqui é obrigado a atirar em um assaltante para salvar a vida de sua esposa. A situação é crítica”. Essas ocorrências, segundo Heyder, expõe a situação de insegurança não apenas dos magistrados, mas da população que vive nas grandes cidades.
(Luiz Flávio/Diário do Pará)