Manifestantes denunciam maus-tratos e prisões irregulares
Esposas e familiares de presos custodiados no Complexo Penitenciário de Santa Isabel interditaram parte da rodovia BR-316 durante aproximadamente duas horas, na tarde de ontem. Os manifestantes reivindicam melhores condições para os detentos, revisão dos processos judiciais e fizeram várias denúncias, como superlotação carcerária e maus-tratos. Um grupo de manifestantes se comprometeu a passar a noite às margens da rodovia e prometeu outro protesto para hoje cedo. Elas adiantaram que só irão liberar a via quando o juiz Cláudio Rendeiro, da 1ª Vara de Execuções Penais, chegar ao local e quando as autoridades se manifestarem sobre todas as reivindicações.
A manifestação pacífica do grupo de aproximadamente 60 mulheres começou por volta das 11 horas de ontem. Elas se reuniram em São Brás e de lá partiram em um ônibus para o Complexo Penitenciário, que fica localizado na vila de Americano. Durante todo o dia elas fizeram reivindicações diversas. “Meu marido está preso há dez anos, e só deveria ter ficado seis (anos). Mas a Justiça não resolve nada. E assim como ele, centenas de outros presos também já cumpriram sua pena mas continuam encarcerados. Isso é desumano e as autoridades não fazem nada!”, acusa uma das mulheres, que preferiu não se identificar.
Outra mulher afirmou que vários internos estão gravemente doentes e não recebem atendimento médico. “Não existe médico no presídio, não existe enfermeiro. Eles estão morrendo aí dentro. Alguns têm tuberculose, outros têm Aids. Mas não são levados para atendimento hospitalar”, citou.
Segundo as manifestantes, as cadeias do Complexo estão sujas e infestadas de ratos e baratas. “É um nojo, os presos estão em condições deploráveis. Muitos deles estão com coceiras no corpo todo e doentes. Além disso muitas celas não têm água, meu marido está tomando água do vaso junto com outros cinco presos. Não sabemos mais a quem recorrer, por isso organizamos este protesto”, disse a esposa de um presidiário.