Idosas são vítimas dos filhos em 99% das agressões
O auditório do Fórum Cível de Belém recebeu nesta quarta-feira (22) o I Seminário de Educação pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher Idosa: Fortalecendo o afeto familiar e a Cidadania no Contexto Escolar. O evento teve como público alvo os professores que serão multiplicadores do assunto nas escolas e integrantes da Rede de Proteção da Mulher e do Idoso.
Entre as denúncias de violência doméstica recebidas pelas escolas, as mulheres idosas são vítimas em 70% dos casos, e destes, 99% dos agressores são os próprios filhos, informa a coordenadora do programa Educação e Envelhecimento da Secretaria de Educação (Seduc), Valquíria Alves.
"Diante dos números, vamos levar essa discussão para dentro das escolas com o objetivo de fortalecer a família, resgatar os valores de respeito e amor, porque se uma criança ou um jovem tem amor ao seu idoso não irá cometer uma violência financeira, como agredi-lo e ficar com sua aposentadoria, por isso é importante trabalharmos o fortalecimento da família”, ressalta Valquíria.
Para Emídio Rebelo, membro titular do Conselho Nacional dos Direito do Idoso, uma forma de prevenção da violência contra o idoso seria educar a respeito do envelhecimento. “As crianças hoje não sabem que vão envelhecer, então o que acontece é a violência no lar, violência financeira, física e psicológica. Esse tema deve ser inserido nos currículos escolares, e as universidade devem ter obrigatoriamente os cursos de geriatria (tratamento específico para o idoso) e a gerontologia (ciência do envelhecimento)”, opina Rebelo.
A juíza Rubilene do Rosário ministrou uma palestra sobre a Lei Maria da Penha, e enfatizou a mudança de valores como uma das soluções para o fim da violência doméstica. “Não foram os homens que deixaram de praticar a violência contra a mulher, não foram as mulheres que chegaram à conclusão de que precisaria acabar com a violência. A lei Maria da Penha foi imposta, surgiu através de uma sansão internacional que o Brasil sofreu. Logo, ela veio pra forçar uma mudança, por isso a efetividade dela é lenta, a mudança mexe com valores que já estão internalizados”, afirmou.
Rubilene integra a Coordenadoria Estadual de Combate à Violência Doméstica e familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça do Pará, e também ressaltou em sua palestra que as mulheres ainda não conseguem dividir as atividades domésticas com os maridosOs “Deve haver uma mudança de comportamento do homem, caso contrário acaba gerando violência, e a educação é a melhor saída para gerar a mudança de pensar e agir.