Jurados votaram pela desclassificação para homicídio simples
Por: Com informações do TJPAEm 29 DE FEVEREIRO, 2016 - 21H00 - BELÉM
Foi condenado a 8 anos e 4 meses de prisão Allan Franklin Ferreira Rego, 25 anos, por participação no homicídio que vitimou o professor universitário Raimundo Lucier Marques Leal Junior, 59 anos. O julgamento durou dez horas e os jurados votaram pela desclassificou o crime de homicídio qualificado para simples. O réu retornou à casa penal, onde está preso desde a época do crime.
A promotora de justiça Rosana Cordovil acusou o mototaxista de ter participado ativamente do crime. Cordovil destacou na sua manifestação que o réu participou, antes do crime, de reunião na chácara de Carlos Augusto, apontado como mandante do crime, na cidade de Benevides, onde acertaram os detalhes da execução do professor e o valor que o réu receberia na empreitada.
Nenhuma das qualificadoras foi reconhecida pelos jurados, que acataram parcialmente a tese defensiva, do defensor público Alex Noronha. Ele sustentou que o réu não sabia que ocorreria um homicídio e por isso teria tido menor participação. Noronha também pediu aos jurados para reconhecerem que o réu colaborou com as investigações, entregando o executor e o mandante do crime, sendo atendido.
Fuga
Em interrogatório, o réu alegou que não sabia que o matador, Edmilson Farias, que conhecia por Juca, cometeria um crime. Ele disse ter sido contratado na cidade de Benevides para levar Juca até o local para resolver assuntos de trabalho. Ele disse que ficou esperando por Edmilson Farias e confirmou que esteve no local no dia anterior. O mototaxista disse que ouviu os disparos e só percebeu o homicídio quando Edmilson Farias retornou com a arma na mão, afirmando 'matei um homem e agora me dá fuga'. Ambos retornaram para Benevides. Depois do crime, o réu alegou que foi aconselhado a esconder a moto na chácara do mandante e disse que recebeu pelo serviço R$ 400.
Quatro testemunhas prestaram depoimento. O primeiro a depor foi um ex-policial que presenciou o crime, de uma distância de 7 metros. O depoente usou capuz sobre o rosto para não ser identificado. Ele relatou toda a manobra do executor, quando ele se aproximou do carro da vítima, retornou correndo com a arma na mão e fugiu na motocicleta do réu.
Consta no processo que o professor universitário e membro permanente das Câmaras Técnicas do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Pará (Crea), foi atingido por quatro disparos de arma de fogo após sair de uma oficina mecânica, onde costumava levar o carro para reparos, localizada na passagem Três Irmãs, na Duque de Caxias com a Travessa Enéas Pinheiro, no Marco. O crime ocorreu por volta das 13h, do dia 4 de agosto de 2012.
Mandante
Acusado como mandante do crime, o engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho, 42 anos, contratou o matador do professor Raimundo Lucier e o mototaxista Allan Franklin Ferreira Rego, 25 anos, condutor da motocicleta usada na fuga.
A viúva do professor e também engenheira e professora da UFPA, Fátima Leal, em depoimento emocionado, relatou aos jurados como teve a vida familiar e profissional aniquilada. Ela disse que não pode mais fazer cursos de atualização que costumava fazer, e que prestava consultorias na área de Projeto Industriais, mas que as pessoas passaram a vê-la somente como a mulher do engenheiro assassinado e não mais a chamaram para trabalhos.
Os delegados Eduardo Rollo e Vicente Gomes compareceram e relataram detalhes das investigações. Para a polícia, ficou clara a participação apenas dos três no plano para matar Raimundo Lucier, mediante recompensa ou pagamento. Edmilson Farias, que executou a vítima, admitiu ter sido contratado por Carlos Augusto pelo valor de R$ 3.500 para assassinar o professor, mas, que só teria recebido o valor de R$ 2 mil. O mototaxista recebeu o valor de R$ 500, para dar fuga ao executor, que fora levado até o local do crime no veículo do próprio mandante. Executor e mandante estão recorrendo da sentença de pronúncia em instância superior.