Ação cidadão foi realizada no bairro do Una, em Ananindeua
Vinte presos do Complexo Penitenciário de Americano participaram da ação “Justiça e Dignidade, com Absoluta Prioridade”, organizada pelo projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História, no bairro do UNA, em Ananindeua. O projeto, idealizado pelo juiz Vanderley de Oliveira Silva, da 3ª Vara de Infância e Juventude de Belém, oferece cursos profissionalizantes, musicalização e atividades esportivas a socioeducandos, seus familiares e à comunidade do bairro. Trata-se de uma parceria entre o Tribunal de Justiça do Pará e o Ministério Público do Trabalho.
Os detentos em processo de recuperação participam do projeto “Conquistando a Liberdade”. Eles fizeram limpeza e reparos na escola Cristo Redentor, que recebe alunos do ensino fundamental e médio no bairro da Cabanagem, um dos mais violentos da Região Metropolitana de Belém. Após a ação, eles conversaram com os alunos sobre as situações que os levaram ao crime, dentro do projeto “Papo de Rocha”, cujo objetivo é envolver detentos em processo de recuperação no combate à criminalidade.
Geovanni Almeida cumpre pena por tráfico de drogas na Colônia Agrícola Heleno Fragoso, em Americano, e considera o projeto uma chance de reintegração à sociedade. “Estamos tendo uma oportunidade de trabalhar nas escolas aqui, fazer a limpeza e contar um pouco da nossa história sofrida, que é nessa vida errada que nós estamos tentando sair, contar a verdade pros alunos, pra eles não se envolverem na vida do crime”.
Titular da Execução Penal, o juiz Deomar Barroso participou da ação de cidadania e disse que o trabalho dos detentos é um exemplo. “Estão cuidando da escola, cuidando do patrimônio público, dando exemplo, coisa que muita gente não faz, e agora eles vão dar outro exemplo, vão fazer o papo de rocha, o preso vai dar o testemunho dele, pro aluno não seguir o caminho que ele fez, do crime.”
SERVIÇOS
A ação de cidadania envolveu também a expedição de documentos, como carteira de identidade, carteira de trabalho, certidão de nascimento e CPF, além de serviços de manicure, pedicure, corte de cabelo e venda de confecções, tudo feito pelas pessoas que participam dos cursos oferecidos pelo projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História. Presidente da comunidade do UNA, Delmara Santos Araújo diz que o projeto resgata a auto-estima da comunidade. “A pessoa vem, faz o curso, pega o certificado, tem todo um amparo, nós temos psicólogo aqui no projeto, que dá uma atenção muito grande à comunidade.”
A ação de cidadania envolveu também agentes de proteção e comissários da infância e juventude, que estiveram em seis escolas dos bairros do UNA, Cabanagem e Jaderlândia conversando com alunos e professores sobre o combate ao abuso e à exploração sexual infantil, com distribuição das cartilhas “Infância Roubada”, de prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Idealizador e coordenador do projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História e da ação de cidadania, o juiz titular da 3ª Vara de Infância e Juventude, Vanderley de Oliveira Silva, cuja responsabilidade é a aplicação das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, diz que a ideia é convergir várias ações em um só dia para causa um impacto maior e melhor à comunidade. “Nós temos aqui centenas de voluntários, trabalhando em prol de milhares de pessoas dentro dessa convergência de projetos, que envolvem vários parceiros, como Tribunal de Justiça, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público do Estado, Defensoria, OAB, empresários e vários outros.”
A mesa que deu início aos trabalhos da ação de cidadania “Justiça e Dignidade, com Absoluta Prioridade” foi composta pelos juízes Vanderley de Oliveira Silva, titular da 3ª Vara de Infância e Juventude de Belém; Deomar Barroso, titular da Vara de Execução Penal; Pastor Adriano Carlos Aureliano, diretor da ADRA e executor do projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História; Promotora de Justiça Ângela Balieiro, Coordenadora de Infância e Juventude do Ministério Público do Pará; Advboga Iane Santos, Coordenadora da Comissão de Infância e Juventude da OAB-Pará; Defensora pública Cassandra Campos Gomes, representando a Defensoria Pública do Pará; Delegada Claudilene Souza Maia, Coordenadora de Polícia Comunitária do Estado; Diego Kó Miranda, representante do Cartório Kós Miranda; Murilo Monteiro de Souza, do Instituto Ambient; e Delmara Santos Araújo, Presidente da Comunidade do UNA.