Réu também respondeu por lesões corporais contra a mãe da vitima
Jurados do 4º Tribunal do Júri de Belém, presidido pelo juiz Claudio Henrique Rendeiro, condenaram por tentativa de homicídio qualificado Luiz Roberto Baima, 41 anos, educador físico e capoeirista, acusado de tentar matar a ex-companheira, a jornalista Dandara Silva de Almeida, 31 anos, com que mantinha relacionamento há mais de 10 anos.
Os jurados também reconheceram que o réu foi autor de lesões corporais praticada contra a mãe da jornalista, deficiente auditiva, condenando o réu pelo crime conexo de lesões.
A pena totalizou 21 anos, que foi reduzida em um terço por ser crime de homicídio tentado, ficando em 14 anos, mas por ter sido o crime cometido na presença de ascendente da vítima, a pena foi aumentada, somando 21 anos de reclusão.
Pelo crime de lesão corporal em Mali Almeida, mãe da vítima, a pena base foi fixada em um ano e meio de detenção, sendo acrescida por ter sido cometida contra pessoa com deficiência. Na sentença o juiz aplicou a detração da pena, previsto em lei, que é a redução do tempo que está preso, restando 21 anos, 3 meses e 3 dias para cumprir em regime inicial fechado, sendo negado o direito do réu de recorrer em liberdade e mantida sua prisão.
A decisão acolheu a acusação do promotor do júri, José Maria Gomes, que sustentou ser o réu autor dos crimes de tentativa de homicídio e lesões corporais contra a ex- companheira e a ex-sogra deficiente auditiva, Marli Almeida. A advogada Luanna Tomaz de Souza atuou na assistência de acusação, em conjunto com a promotoria.
Em defesa do réu atuaram os advogados Mauro Cesar da Silva Lima, Djalma Farias, e as advogadas Nelma Catarina Oliveira Martires Costa e Paulinne Frainha Pegado. A tese defensiva foi a negativa de autoria em relação aos dois crimes de tentativa e de lesões corporais.
Além das duas vítimas, a avó de Dandara, Maria Berandete Pinheiro da Silva, de 70 anos, que estava na casa, viu o réu atacando a neta e também chegou a ser agredida pelo réu. Foram ouvidas outras cinco testemunhas trazidas pela defesa do acusado, entre elas duas irmãs e três amigos do capoeiristas.
O CRIME - O crime ocorreu por volta das 20h, do dia 17 de fevereiro de 2017, na residência da avó da vítima. À época, o casal estava separado há cerca de seis meses, e a jovem foi acolhida pela avó, que mora na Rodovia Transcoqueiro, Bairro Mangueirão, em Belém.
Conforme depoimentos de testemunhas, o réu surpreendeu a ex-companheira, que já estava em sua cama descansando, e armado com faca peixeira desferiu golpes no pescoço de Dandara. Quando a avó viu o agressor, disse que chamaria a polícia, ocasião em que foi empurrada contra a parede.
A mãe da jornalista, ao ver a situação, partiu para cima do educador físico na tentativa de defender a filha, mas foi agredida. A vítima conseguiu se livrar do agressor e correr para rua e pediu ajuda. Ela foi socorrida por populares que a levaram a um hospital municipal de urgência. O educador físico, ao deixar a residência das vítimas, enfrentou a fúria da população e foi agredido, sendo também levado ao hospital de urgência.
Em interrogatório prestado o réu alegou que chegou na casa da avó da ex-companheira, para “conversar sobre medida protetiva imposta pela justiça ao professor para ficar longe da vítima”.
A versão do réu é a de que mesmo separados ambos se encontravam, pois havia pendências entre eles de ordem financeira. No dia do crime ele diz que foi à casa da avó de Dandara e que a ex companheira abriu a porta e ambos foram conversar no quarta do jovem, e no local teria ocorrido uma desavença.
Ainda pela versão do réu a jornalista teria se auto lesionado e que a mãe dela acabou não entendo o que estava acontecendo e passou a lhe agredir e capoeirista este passou a se defender.
Uma semana antes a vitima denununciou o companheiro por ter ido em seu apartamento e subtraído equipamentos de trabalho como computador e tablet e telefone celular, posteriormente encontrados na casa do réu pela policia civil. Por temer por sua a vitima buscou abrigo na casa avó, na Rodovia Transcoqueiro.
Após praticar os crimes, Luiz Roberto Baima se auto lesionou, usando a mesma faca peixeira que usou contra a jornalista. A promotoria também apurou que o acusado tinha sido denunciado pela companheira anterior por violência doméstica.
Conforme apurou a promotoria, a motivação foi o fato do réu não aceitar o fim do relacionamento com a Dandara Almeida.
O JÚRI - A sessão foi aberta às 08h30, com sorteio do corpo de jurados composto por três homens e quatro mulheres. O primeiro depoimento, por volta das 09h, foi o da jornalista, que se estendeu por mais de duas horas. O réu foi retirado do plenário e recolhido em outra sala do fórum, a pedido da promotoria.
Além de Dandara, foram ouvidas a mãe e a avó da vítima, também agredidas por Roberto. Pela defesa, foram ouvidas cinco testemunhas, duas irmãs e três amigos do capoeirista. Nenhum deles presenciou os crimes.