Julgamento já dura mais de 14 horas no Fórum Criminal de Belém
Sob a presidência da juíza Ângela Alice Alves Tuma, titular da 3ª. Vara do Júri da Capital, está sendo submetido a julgamento popular o réu Marcos Ano Bom Cabral Barbosa, acusado de matar por estrangulamento, sua então esposa Elza Cristiane Paes Barbosa, em 12 de abril de 2003, no apartamento do casal. A sessão de Júri iniciou nesta segunda-feira, 17, sendo ouvidas testemunhas de acusação e defesa, a maioria familiares da vítima e do acusado. Os trabalhos prosseguem por todo o dia de hoje, quando deverá ser anunciado o veredito.
O promotor de justiça Jose Maria Gomes dos Santos que exerce suas funções junto à Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, está atuando no caso e sustenta a acusação, com base nas provas testemunhais que constam no processo, de que o réu cometeu homicídio qualificado, que prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão. As qualificadoras são motivo fútil, morte por estrangulamento e por meio de recurso que dificultou a defesa da vítima.
A defesa do acusado está sob a responsabilidade dos advogados César Ramos da Costa e Anete Denise Martins, que sustentam negativa de autoria e que a mulher do réu teria cometido suicídio.
Por toda a manhã e parte da tarde, deste primeiro dia, foram ouvidas sete testemunhas arroladas pela Promotoria de Justiça e pelo advogado da Assistência de Acusação. Em seguida foram ouvidas cinco testemunhas de defesa, sendo uma delas o filho da vítima com o réu que à época tinha pouco mais de dois anos.
O primeiro depoente foi o pai da vítima, Valdeli da Silva Paes, agente da Polícia Federal, que relatou que o réu tinha comportamento agressivo e que chegou a pedir à filha para se separar do marido, afirmando que tanto ela quanto a criança seriam amparados por seus familiares.
O pai da vítima relatou que cerca de um mês antes da morte da jovem a filha lhe procurou para lhe pedir ajuda e relatar que estava sendo agredida pelo marido. Na ocasião a jovem disse ao pai que havia entrado com pedido de separação, tendo então o pai preparado uma casa que possuía e estava fechada para abrigar a filha e o neto. E ao buscar a jovem a vítima alegou que já tinha se entendido com o marido. O pai da vítima contou que na ocasião se desentendeu com o genro, que lhe agrediu com palavras de baixo calão.
A tia da vítima Elizabete Rodrigues Cunha, logo após, confirmou em seu depoimento que o réu é pessoa agressiva e sabia que a sobrinha estava sofrendo violência doméstica pelo marido. Disse que tentou impedir o casamento mesmo diante da gravidez da jovem e que ajudaria a cuidar da criança.
Duas amigas e uma das irmãs da vítima também prestaram informações no júri e reafirmaram que o relacionamento do casal era conturbado e que o réu era agressivo com a esposa.
No final da tarde as testemunhas da defesa prestaram depoimentos. Entre elas amigos do réu da Aviação Civil, Paulo Alexandre Coutinho Vilhena, Wilson Monteiro e Erivaldo Ulisses, que disseram ter estado com o acusado na noite anterior ao crime. O grupo de amigos estava em bar no centro de Belém.
A babá do filho da vítima, Sue Anne Maria de Freitas da Luz, também depôs e alegou que não ouviu nada no quarto ao lado, porque dormia com a criança e só despertou com o chamado do réu que lhe pediu para chamar um taxi para levar a jovem a um hospital. Consta no processo que a vítima foi deixada sem identificação no Pronto Socorro Municipal, sendo identificada posteriormente por seu pai e familiares avisados pela irmã do réu.
Os últimos depoimentos foram do filho da vítima e da irmã do réu Márcia Ano Bom Cabral Barbosa. Marcos Gabriel foi inquirido apenas pela defesa do réu e a Promotoria não fez nenhuma pergunta. Diante dos jurados o jovem, emocionado, disse que morou em casa de tia e da avó, e que: "o que tem a dizer é que meu pai é inocente e só tenho ele agora. Minha mãe já se foi e só tenho meu pai", disse, acrescentando que o réu nunca o agrediu.
A irmã do réu que esteve na casa após a vítima ser levada para o Pronto Socorro, contou como deu a notícia para os familiares da jovem sobre o ocorrido e como encontrou o irmão "ele e meu pai ficaram em choque