Assistência psicológica e palestra foram algumas das atividades
A manhã desta quarta-feira, 18, foi dedicada à saúde física e mental das famílias de alunos da escola Santana do Aurá, localizada junto ao antigo lixão da Região Metropolitana de Belém. Durante a manhã, foi realizada uma roda de conversa em alusão ao movimento mundial Outubro Rosa, criado em prol da conscientização e prevenção ao câncer de mama, que teve a participação de mães de alunos e mulheres da comunidade. Foi apresentado também o projeto “Psicologia, Saúde e Protagonismo Social”, resultado de uma parceria do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) com a Universidade da Amazônia (UNAMA) e a Cruz Vermelha, que tem o enfoque de prestar assistência psicológica e resgatar a autoestima da comunidade. A programação foi organizada pelo Comitê de Ação Social e Cidadania do TJPA.
A programação iniciou com a roda de conversa das mães com o ginecologista Nelson Santos, médico do TJPA, que de maneira informal tratou da importância da prevenção ao câncer através do autoexame, ultrassom e mamografia, além de abordar fatores de risco e a precocidade cada vez maior da doença. O médico mencionou que, se diagnosticado precocemente, o câncer tem possibilidade de 90% de cura. As participantes demonstraram interesse no assunto e tiraram várias dúvidas com o médico. Para Nelson Santos, a consciência sobre saúde é muito importante na comunidade do Aurá. “A população do Aurá tem pouca ou nenhuma informação sobre doenças. Nosso interesse é que se traga a esta comunidade todas as informações possíveis para que possam melhorar sua qualidade de vida”.
Uma das participantes da roda de conversa foi a dona-de-casa Andréa Siqueira, que tem uma filha matriculada na escola e sempre que pode participa das programações. Andréa chamou duas amigas para participar da roda de conversa e falou sobre seu aprendizado. “ O câncer é uma doença que está escondida e às vezes não sabemos que temos a doença. Hoje trouxe duas amigas para saber da doença, tirar nossas dúvidas e se ficássemos em casa íamos continuar com dúvidas”. Andréa, de 31 anos, ainda não tem idade para fazer a mamografia, mas incentiva as amigas a fazer o exame.
Depois da roda de conversa, as mães acompanharam uma demonstração de como fazer o autoexame, feita pela enfermeira do TJPA, Ivangela Duarte.
Uma equipe de 13 estudantes de Psicologia da Unama, sob a supervisão da psicóloga da Coordenadoria da Infância e Juventude (CEIJ) do TJPA, Fabíola Helena Brandão da Silva, apresentou o projeto “Psicologia, Saúde e Protagonismo Social”. O projeto consiste na realização de reuniões quinzenais com pais e responsáveis e oficinas, em que serão trabalhadas questões de protagonismo social, direitos, saúde mental e emocional das famílias, além do fortalecimento de vínculos. Os universitários atuarão através da escuta, análise do local e rede de apoio, identificação e percepção das famílias sobre a comunidade em que vivem, e encaminhamento para a rede especializada em caso de demandas detectadas. O cronograma do projeto encerra no dia 13 de dezembro.
A psicóloga Fabíola Brandão explica a importância da realização do projeto na comunidade Santana do Aurá, que apresenta necessidade por conta da realidade de carência. “A autoestima desta comunidade é baixa, a noção de autoestima é o que temos de mais precioso em nossa vida e vamos buscar fortalecê-la. Esse é um dos principais objetivos do projeto, que eles possam conhecer suas potencialidades, seus direitos e deveres enquanto cidadãos”.
O resgate do protagonismo social da comunidade é o ponto fundamental também para a organização da programação. Laura Bastos, membro do Comitê de Ação Social e Cidadania, comenta a importância da participação das famílias. “Ficamos muito felizes pela quantidade de pessoas que apareceram e também porque elas participaram. A parceria com a Unama e a Cruz Vermelha é um passo muito importante, e visa resgatar a autoestima e despertar valores e conteúdos perdidos por conta das dificuldades que as famílias atravessam. Apesar de escola não dispor de profissional da área da psicologia, e algumas crianças atravessam dificuldades de estrutura familiar, ficamos muito felizes em oportunizar essa assistência”.
A diretora da escola Santana do Aurá, Arlete Brito, explica que com as programações relacionadas a cuidados com corpo e mente, a visão dos pais e famílias em relação a assuntos como saúde física e mental pode mudar. “Estamos tentando mudar a concepção que eles têm. Os pais precisam entender que esse tipo de programação é um grande benefício para eles. Alguns não tem consciência da importância de cuidar da saúde e precisamos mudar isso porque saúde é fundamental. Se ocorre um problema na família, o reflexo é sentido aqui na escola, e muitos comportamentos complicados sabemos que a culpa não é da criança, é do ambiente familiar. Temos que começar o trabalho pelas famílias, é um processo lento, mas vamos conseguir”, finalizou.
As programação faz parte do cronograma que o Comitê de Ação Social e Cidadania do TJPA, sob a coordenação do desembargador vice-presidente do TJPA, Leonardo de Noronha Tavares, desenvolve junto à comunidade da escola Santana do Aurá, que apresenta grande necessidade de assistência social, cultural, educativa e de cidadania. O Comitê mantém também uma campanha mensal de doações de alimentos para a escola do Aurá e o bazar solidário, cuja renda também é totalmente revertida em ações sociais para a comunidade.