Os jurados do 4º Tribunal do Júri de Belém, presidido pelo juiz Claudio Henrique Rendeiro condenaram nesta terça-feira, 10, Demenson Alisson Nahum Couto, 29 anos, lanterneiro, acusado de coautoria em homicídio que vitimou Simone do Socorro Maciel Lima, 44 anos. Por maioria dos votos os jurados acataram a acusação sustentada pelo promotor José Edvaldo Sales e rejeitaram a tese da defesa de homicídio simples, para efeito de uma pena menor, sustentada pelo defensor Alessandro Oliveira.
Com base na decisão do Conselho de Sentença o juiz fixou a pena em 27 anos de reclusão. Na sentença o juiz subtraiu o tempo que o réu está preso, restando 25 anos, 03 meses e 26 dias, que serão cumpridos em regime inicial fechado. O juiz manteve a prisão do condenado.
Em interrogatório o réu, que se negou a prestar depoimento durante a instrução do processo, confessou ter ido com uma pessoa, que teria arranjado na hora, na casa da sogra. O lanterneiro alegou que tinha animosidade com o pai de sua então companheira, mas que com a sogra nunca tinha tido problemas e que ela costumava lhe dar conselhos. Ele disse também que consumia drogas e bebidas alcoólicas quando mais jovem.
O promotor perguntou a Demenson Couto onde estava a bebê Sofia, sua filha com a ex-companheira Raquel de Jesus Pantoja, que nunca mais foi vista pelos familiares maternos desde o dia do homicídio. O réu disse que “a menina está bem e agora está na França, com uma tia minha”. Demenson Couto não informou o endereço nem o que a suposta tia faz para viver.
O promotor requereu cópia das declarações prestadas pelo réu, para que seja oficiada a delegacia especializada para apurar o desaparecimento da pequena Sofia.
O crime foi cometido no pátio da casa de Simone Lima, por volta das 17 horas do dia 05/10/2014, numa alameda do Conjunto Residencial Eduardo Angelin, em Icoaraci, Região Metropolitana de Belém. Conforme acusação o réu e seu irmão Willian (que está foragido e também responde pelo homicídio), foram até a casa da vítima para se vingar de uma surra que levou do pai e irmão da ex-companheira Raquel Pantoja, após tê-la espancado. Ele disse ter flagrado a mulher, mãe de sua filha Sofia, falando ao telefone celular com um homem, com quem lhe traía.
Antes de cometer o crime o réu pediu à sogra, única pessoa da família com quem se comunicava, para lhe entregar a filha para ficar um pouco com a bebê, que estava sob a guarda de Simone Lima. Desde então a criança não foi mais vista por seus familiares maternos.
No depoimento prestado ao júri Raquel de Jesus Pantoja, 25 anos, cobradora de transporte alternativo, ex-companheira do réu, disse que sua mãe acreditava que o réu pudesse mudar o comportamento agressivo e costumava lhe dar conselhos. A depoente disse que o réu “sumiu” com sua filha, à época com quatro meses de nascida, e ela nunca mais soube da menina.
Saulo Silva, companheiro de Simone Lima disse que minutos antes de cometer o crime o réu ligou para a sogra e avisou que estava na frente da casa. Quando a mulher chegou na entrada da casa foi surpreendida com o réu e seu irmão, este armado, e quem disparou com a arma de fabricação caseira. A vítima conseguiu gritar “Saulo, socorro”. O companheiro que estava no interior da casa tentou socorrer a mulher juntamente com mais duas pessoas da vizinhança, levando-a até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas a vítima não sobreviveu ao ferimento. Enquanto o réu e seu irmão fugiam do local do crime com a criança.
O crime foi presenciado por uma vizinha que também prestou depoimento, além do ex-sogro que confirmou ter dado uma surra no réu, para defender sua filha que vivia sendo espancada pelo réu. Todos confirmaram que o réu e seu irmão foram os autores do crime, e que o irmão foi quem efetuou o disparo contra Simone Lima e em seguida fugiram num veículo cor branca.