Premiação inédita valoriza visão da criança sobre o tema
O Fórum Paraense de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente (FPETIPA) premiou, nesta segunda feira, 12, alunos da rede de ensino fundamental da Região Metropolitana de Belém vencedores do I Concurso de Produção Artística de Combate ao Trabalho Infantil. Pela primeira vez, o tema foi tratado em um concurso oficial sob o olhar artístico de crianças e adolescentes.
Os prêmios foram entregues a alunos que desenvolveram trabalhos artísticos nos quais denunciam, criticam e alertam para a exploração infantil e para a garantia do direito da criança de estudar e não trabalhar. O FPETIPA é formado por 43 instituições, entre elas o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), por meio da Coordenadoria de Infância e Juventude (Ceij).
O concurso premiou os três primeiros colocados nas categorias artísticas: pintura e desenho, produção textual e produção musical, dentre os 633 trabalhos enviados à organização do concurso. A premiação foi realizada no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania, em Belém.
O concurso foi criado com o objetivo de fazer com que, por meio do olhar artístico, crianças e adolescentes mudem a abordagem do combate à exploração infantil, de uma perspectiva adulta para uma mais próxima da infanto-juvenil e assim sensibilizem a sociedade para o problema.
Norma Barbosa, coordenadora da Proteção Especial de média complexidade da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho emprego e Renda (SEASTER), disse que é importante transferir o protagonismo dos adultos às crianças e adolescentes no combate à exploração infantil. “A finalidade do concurso é trazer o olhar da criança sobre o assunto, pois ao longo da história os intelectuais escrevem, estudam e a mídia fala sobre esse assunto. Então, se fala de uma realidade, mas não se vive isso. Nosso grande objetivo é fazer com que a criança e o adolescente que convivem com essa violação de direitos possam expressar através da arte o que é o trabalho infantil e como veem isso dentro da comunidade. Também como elas podem nos municiar de informações para que possamos traçar ações que respondam aos anseios do que elas estão nos dizendo. Então acho que é hora de sairmos de nossos espaços e dar voz para essas crianças, já que são elas que vão fazer a nossa história”.
As comissões julgadoras, que avaliaram previamente criatividade, impacto visual, adequação ao tema, clareza de expressão e originalidade de letra e melodia dos trabalhos, foram chamadas para entregar a premiação aos três primeiros estudantes classificados de cada categoria, que consiste em um smartphone para o terceiro colocado, um tablet para o segundo colocado e um notebook para o primeiro lugar.
Os artistas plásticos Emanuel Franco, Geraldo Teixeira e Jorge Eiró entregaram o primeiro prêmio ao aluno Mateus Jesus da Penha e Silva, estudante da EEEFM Barão do Rio Branco, primeiro classificado na categoria Pintura e Desenho. As jornalistas Danila Cal, Kassya Fernandes e Luciana Kellen avaliaram textos dos alunos na categoria Produção Textual, e entregaram o prêmio como vencedor na categoria a David Gabriel da Silva Correa, matriculado na EEEF Rosalina Álvares Silva Cruz. Na categoria Produção Musical, o produtor musical e jornalista Marcelo Damaso e a cantora e compositora Lia Sophia entregaram o primeiro prêmio ao trabalho da aluna Paloma da Silva Faria, estudante da EEEF Rui Barbosa.
Marcelo Damaso, produtor musical, jornalista e um dos jurados da categoria música comentou sobre a importância do concurso e a qualidade dos trabalhos que avaliou. “As crianças foram muito fiéis ao tema, desenvolveram bem o que foi proposto, mas o mais importante desse trabalho é que foi feita uma criação. Ao compor uma música, a criança acaba assimilando o assunto ainda mais e tendo uma consciência muito maior. Temos alguns trabalhos bem interessantes e existem coisas bem originais. Acredito que o lado artístico seja uma das coisas que mais influenciem na mudança de pensamento em relação a acabar com o trabalho infantil”, concluiu Marcelo.
Foram convocadas 39 escolas para participar do concurso, das quais 37 enviaram trabalhos, que totalizaram 633 obras em todas as categorias. Foram inscritos 448 trabalhos na modalidade Pintura e Desenho, mais 9 produções musicais e 176 produções textuais. Uma comissão de pré-admissibilidade, composta por integrantes do Fórum realizou uma pré-avaliação dos trabalhos em relação à pertinência ao tema. Uma apresentação do grupo de Arte e Cultura da fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará - FASEPA e um pocket show da cantora Lia Sophia finalizaram a premiação.
A mesa de abertura da premiação foi formada por representantes do Fórum e da Comissão Organizadora: Djane Correa, representante da SEDUC - Secretaria de Estado de Educação, especialista em educação, atua na Coordenação de Ações Educativas Suplementares; Norma Barbosa, representando a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho emprego e Renda - SEASTER, o advogado André Calandrini, da OAB-PArá; Aline Calandrini, auditora fiscal do trabalho da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego no Pará (SRTE\PA) e coordenadora da fiscalização ao trabalho infantil; e Fabíola Brandão, analista judicial e psicóloga da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Pará.