Encontro será nesta quinta, 27, às 10h no Fórum Cível da capital
"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores". A poeta Cora Coralina, aclamada pela Literatura aos 76 anos, depois de uma vida marcada por muitas lutas, receberá mais uma homenagem, na 12ª edição do Chá Literário do Tribunal de Justiça do Pará, que será realizado no Fórum Cível da capital, nesta quita-feira, 27, às 10h.
Apesar de ter enfrentado preconceitos por ser mulher, pela pouca escolaridade, além de outros preconceitos sociais, Cora Coralina nunca esmoreceu: “Sobrevivi, me recompondo aos bocados, à dura compreensão dos rígidos preconceitos do passado. Preconceitos de classe. Preconceitos de cor e de família. Preconceitos econômicos. Férreos preconceitos sociais”.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu na cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889 e viveu por 96 anos. Iniciou sua carreira literária em 1907, juntamente com duas amigas, ao criar o jornal de poemas femininos "A Rosa".
Seu estilo simples e avesso a modismos literários se desenvolveu, apesar do pouco estímulo à escrita recebido da família, como a autora afirma no poema autobiográfico Cora Coralina, Quem é Você? “Nunca recebi estímulos familiares para ser literata. Sempre houve na família, senão uma hostilidade, pelo menos uma reserva determinada a essa minha tendência inata. Talvez, por tudo isso e muito mais, sinta dentro de mim, no fundo dos meus reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo”.
TRANSFORMAÇÃO
A poeta assumiu o pseudônimo Cora Coralina após ter sofrido uma profunda transformação interior, a qual definiria como "A perda do medo, ao completar 50 anos". Nessa fase, Cora não deixou de escrever poemas relacionados à sua história pessoal, ao seu cotidiano de cidade de interior e ao folclore.
Cora ganhou notoriedade na poesia em 1983, quando Carlos Drummond de Andrade, após ler alguns escritos da autora, especialmente “Vintém de Cobre”, escreveu: "Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...)."
Para conhecer melhor a vida e a obra da poeta Cora Coralina, o Chá Literário do TJPA será realizado no salão de casamentos do fórum Cível da capital, às 10 horas desta quinta-feira, dia 27 de abril. A mediação do encontro será feita pelo estudioso da obra da autora, Jeová Barros de Oliveira, que também é poeta, escritor e ilustrador e possui três títulos publicados: "Água Grande", "Manga com Febre" e "Diga-se de Passagem". A programação também contará com a participação de Éverton MC, que recitará poemas de Cora Coralina em forma de rap. O rapper iniciou sua carreira participando de batalhas de MCs, e possui um disco independente, lançado em 2013, "Flow Cabano", além de ter participado da criação da Batalha de São Brás, um dos maiores duelos de rima da região Norte.
LIVROS
Entre os títulos da poeta estão: “Meu livro de Cordel” (1976), “Vintém de Cobre - Meias confissões de Aninha” (1983) e “Estórias da Casa Velha da Ponte” (1985), além de publicações póstumas, como “Meninos Verdes”(1986), “Tesouro da Casa Velha” (1996), “ A moeda de ouro que o pato engoliu” (1999), “Vila Boa de Goiás” (1999) e “O prato azul pombinho” (2002).
Conheça algumas frases clássicas da autora:
"O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes".
"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher".
"Coração é terra que ninguém vê".