Jurados reconheceram os crimes de homicídio e milícia privada
O policial militar reformado Otacílio José Queiroz, conhecido por Cilinho, 47 anos, foi condenado a 29 anos de prisão, em regime inicial fechado, pelo homicídio do adolescente Eduardo Felipe Galúcio Chaves, 16 anos, e por integrar milícia privada. A decisão foi por maioria dos votos dos jurados do 3º Tribunal do Júri de Belém, sob a presidência da juíza Ângela Alves Tuma, A pena para o crime de homicídio foi fixada em 22 anos, e para o crime conexo de milícia privada mais 7 anos.
A acusação foi sustentada pela promotora de Justiça Rosana Cordovil, em conjunto com os advogados Celina Hamoy, Marco Apolo Leão, Tiago Lopes Pereira, Suzana Risuenho Brasil e Nildon Deleon da Silva, do Cedeca/Emaús, que atuaram como assistentes de acusação. A defesa do réu foi promovida pelo advogado Omar Saré, que sustentou a negativa de autoria. No final da sessão, o advogado afirmou que vai recorrer da sentença.
O crime foi cometido por volta das 21h, no dia 4 de novembro de 2014, na frente da residência da vítima, no Guamá. O júri reconheceu o motivo torpe do homicídio, por vingança, porque horas antes fora assassinado o cabo Antonio Marcos Figueiredo, conhecido como Cabo Pet.
DEPOIMENTOS
Os depoimentos começaram logo após a abertura da sessão, por volta das 8 horas. De um total de nove pessoas arroladas, três não compareceram. Sérgio Pinho Chaves, pai da vítima, foi o primeiro a depor e relatou aos jurados o que soube após o assassinato do filho, confirmando as acusações feitas na fase de inquérito, contra Otacílio Queiroz. Conforme o depoente, o jovem era estudante da 8ª série do ensino médio, em uma escola pública.
Na parte da manhã também foi ouvida Tainara de Campos Galúcio, prima da vítima. Em seguida, o delegado Claudio Galeano de Miranda, que presidiu o inquérito policial, informou sobre os procedimentos adotados para se chegar até o grupo de Otacílio Queiroz.
Na parte da tarde, após o intervalo do almoço, foi tomado o depoimento de Maria Auxiliadora Galúcio Neves, mãe da vítima, que deu mais informações sobre o os fatos que antecederam o crime.
Pela defesa, foi ouvida a testemunha José Socorro Alfaia Fonseca, que afirmou ter comprado uma passagem para o réu ir até Oeiras do Pará, negociar gado com o irmão dele. O álibi do réu é de que estava em Oeiras do Pará, no Baixo Tocantins, de 4 a 7 de novembro de 2014. Otacilio negou ser autor do crime. Ele informou que é policial reformado, disse que conhecia o Cabo Pet, mas que não chegou a trabalhar com ele.
O réu também alegou em sua defesa que era odiado por traficantes da área do Guamá e Terra Firme, por ser morador daquela região e informar às polícias Militar e Civil as atividades criminosas que ocorriam, mas disse que não fazia parte de milícia privada.