Na manhã desta quinta-feira, 27, os jurados do 2º Tribunal do Júri de Belém, presidido pela juíza Sarah Castelo Branco Rodrigues, por maioria dos votos, absolveram a aposentada Maria Paula Lima Cardoso, 68 anos, acusada de homicídio e ocultação de cadáver da idosa Helena Assunção Rocha, de 87 anos. A vítima vivia sozinha, sem parente algum, e era cuidada pelos vizinhos.
A decisão do Conselho de Sentença, de absolver Maria Paula Cardoso pelo crime de homicídio, acatou o entendimento do promotor de justiça Edson Souza e do defensor público Alessandro Oliveira. Em suas teses, ambos levaram em consideração o laudo necroscópico que atestou “causa da morte ignorada e não violenta”.
Em relação ao crime de ocultação de cadáver, por maioria dos votos os jurados reconheceram a ré como autora do crime, cuja pena prevista é de um a três anos de detenção. Mas, no quesito seguinte, também por maioria dos votos, os jurados decidiram absolver Maria Paula Cardoso.
O promotor de justiça informou, ao final do júri, que irá recorrer da decisão de absolvição em relação ao crime de ocultação de cadáver em instância superior.
A sessão de julgamento foi aberta por volta das 08h30 e durou menos de três horas, no Fórum de Belém. Vizinhas da idosa que denunciaram seu desaparecimento à Polícia compareceram ao Fórum para depor, mas, foram dispensadas pela promotoria de justiça que entendeu que, “os depoimentos abonatórios em nada revelam sobre as circunstâncias da morte”.
O único depoimento foi de Paulo Sérgio da Silva Melo, prestador de serviços de capinação da rua. Ele informou que fora contratado pela ré para abrir um buraco no quintal para enterrar uma carcaça da geladeira onde estaria um cachorro grande morto. Ele disse que a dona de casa teria lhe informado que se tratava de um cachorro da família, de porte grande, recomendando para não abrir a carcaça da geladeira fechada.
Maria Paula Cardoso confessou que levou a idosa para sua casa em Mosqueiro, balneário próximo a Belém, mas que a idosa teria ficado muito agitada e gritava pedindo para retornar para Belém. A ré retornou à Belém e levou a idosa para sua casa, localizada a poucos metros da residência de Helena Rocha, que morava só. Disse que a teria alimentado e administrado uma medicação calmante, por ela estar muito agitada.
A versão da acusada foi de que Helena Rocha começou a passar mal após a medicação, tendo vomitado bastante até desfalecer e não mais respirar. A ré alegou ter ficado nervosa e que não sabia o que fazer, por isso decidiu enrolar o corpo da idosa num cobertor e colocar no interior de uma carcaça de geladeira que estava no fundo de seu quintal, retornando para sua casa no balneário de Mosqueiro. Ao retornar a Belém, Maria Paula Cardoso contratou o prestador de serviços para cavar uma cova e enterrar a carcaça da geladeira no quintal.
Moradora antiga e amiga de todos os vizinhos da rua, o desaparecimento de Helena Rocha foi logo percebido. Após alguns dias, as vizinhas começaram a desconfiar da ré, que fora vista sacando dinheiro do benefício que a idosa recebia. Os moradores decidiram então pedir providências sobre o desaparecimento de Helena Rocha à polícia, que acabou descobrindo onde seu cadáver estava escondido.