Os juízes Flavio Sanches, da Vara de Inquéritos, e Rafael Maia, juiz substituto, ouviram um total de 32 presos em flagrantes apresentados nas audiências de custódias realizadas ao longo da semana. Eles foram apresentados pelas delegacias de São Brás e Terra Firme, e pelos Centros de Triagens de São Brás, Marambaia, Cremação e Centro de Recuperação Feminino.
Dos 32 casos, oito deles tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Conforme estudo social feito por psicóloga do Sistema Penal, o perfil da grande maioria é o de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos, moradores da periferia de Belém e adjacências, boa parte sem documentação e, ainda, sem nenhuma ou baixa escolaridade, sem pai declarado ou desconhecido.
Nesta primeira semana não houve nenhum registro de caso de tortura policial. Dois presos em flagrantes foram liberados mediante monitoramento eletrônico e os demais conseguiram sair do Fórum com alvarás de soltura, sob determinadas condições. Uma das condições imposta à maioria dos flagranteados é o de submeterem ao programa de tratamento antidrogas mantido pelo município de Belém.
Instaladas no dia 25 de setembro, pelo presidente do TJPA, desembargador Constantino Guerreiro, em conjunto com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski, as audiências de custódias objetivam evitar o encarceramento desnecessário aos que são detidos, mas não representam grave ameaça a sociedade, entre outras vantagens. Elas consistem na apresentação à Justiça dos presos em flagrantes, dentro do prazo de 24 horas, para analisar a necessidade e legalidade daquela prisão em conjunto com promotor de justiça e defensor público ou advogado do detido.
Estão atuando nas audiências os promotores de justiça Alcenildo Ribeiro Silva, Carlos Stilianide, e Ivanilson Rayol. Quase todos os presos chegam sem advogados, mas, a Defensoria Pública do Estado escalou os defensores Carlos Alberto Monteiro, Elizabeth Addário e Edgar Alamar para atuarem nessas audiências.
Logo que chegam ao Fórum, os presos são conduzidos até a equipe de técnicos da Superintendência do Sistema Penal, que verifica antecedentes criminais e perfil psicológico para subsidiar a decisão judicial tomada em cada audiência. Antes da audiência, o preso poderá, caso queira, conversar em particular com o defensor publico ou o seu advogado particular. Até agora todos os casos apresentados tiveram o apoio da Defensoria Pública do Estado.