Constelação Familiar pode reduzir número de processos
Um método inovador, que ajuda a solucionar conflitos emocionais e disputas de sentimento a partir da análise do que está por trás do problema, começa a ser usado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA). O projeto piloto "Aplicação das Constelações Familiares ", foi lançado nesta terça-feira, 30, no Fórum Cível de Belém, com a participação de magistrados, servidores e operadores do direito. A metodologia já funciona experimentalmente na 2ª e na 4ª Varas de Família de Belém, com aplicação em processos envolvendo divórcio, guarda de filhos, alimentos.
“Estamos acreditando muito no projeto, porque é referendado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e irá auxiliar os juízes nas suas decisões judiciais”, afirmou a desembargadora Dahil Paraense, responsável pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos – NUPEMEC, setor que coordena o projeto. Ainda de acordo com magistrada, muitas vezes a sentença não satisfaz a necessidade do ex-casal, porque muitos recorrem da decisão. “Então a Constelação irá emponderar essas pessoas para que elas mesmas resolvam sua situação”, destacou.
O lançamento do projeto piloto contou com a palestra da médica e terapeuta Marly Azevedo, que falou sobre “A Importância da Constelação para o Meio Jurídico”. Com 10 anos de experiência na área e mais de mil constelações realizadas, Marly explicou que mais de 60% dos conflitos se dão por questões de herança familiar, ou seja, as pessoas precisam conhecer suas origens para descobrirem as causas de seus problemas, e a Constelação Familiar proporciona essa descoberta, disse a médica.
Segundo Marly, “todo o conflito aparece quando é montada a Constelação. Nesse momento a pessoa irá entender porque age daquela forma”. O método é feito com a bonecos ou pessoas que serão movimentadas de acordo com a percepção e sentimentos de quem está sendo constelado. As dinâmicas apontam não só o problema, mas também a solução. Marly também explicou que a metodologia pode ser aplicada até para solucionar conflitos de vizinhança. “É uma ferramenta que traz a paz social”, afirmou.
A Cartorária Carmem Suely, 56 anos, da Comarca de Bonito, foi uma das primeiras voluntárias na aplicação do método. Carmem revelou que estava em conflito com os dois filhos. O mais velho achava que a mãe só gostava do filho caçula. Os irmãos não se entendiam e tudo virava confusão. A cartorária se sentia culpada pelos conflitos, foi então que decidiu fazer a Constelação Familiar. “Depois que participei do método, minha vida mudou. Percebi que não estava honrando meu filho mais velho, e cada um descobriu quem realmente é e qual o papel que deve cumprir”.
A servidora Carmem Sisnando, voluntária na execução do projeto junto à 2ª e 4ª Vara de Família e doutoranda em Constelação Familiar pela Universidade de Lisboa, destacou que a metodologia irá reduzir o tempo de tramitação do processo, porque as pessoas reduzirão os conflitos internos e terão mais tranquilidade para decidir o caminho que querem seguir, sem depender da sentença judicial.
A expectativa é que o projeto seja expandido para as demais unidades judiciárias, independentemente da matéria, inclusive aos setores administrativos, como as Secretarias e Coordenadorias do TJPA. Além dos servidores, a metodologia envolverá juízes, advogados, promotores e defensores públicos.
Qualquer processo ou situação que envolva conflito poderá ser atendido pelo projeto, desde que as partes aceitem participar. Basta procurar o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos – NUPEMEC, setor que coordena o projeto.
Estiveram presentes no evento o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª região, Walter Paro, que também é constelador; a desembargadora do TJPA Elvina Gemaque Taveira; as juízas 2ª e a 4ª Vara de Família de Belém, respectivamente, Flávia Oliveira do Rosário e Eliane Figueiredo; o diretor do Fórum Cível de Belém, Silvio César dos Santos Maria, as juízas de direito Mônica Marciel e Ana Patrícia Nunes Alves, além de representantes da Defensoria, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Pará)