Réus negam participação no crime durante interrogatório
O segundo dia do júri de Manoel do Socorro de Melo Barreto, conhecido como Ripa, e Francisco Dias Cardoso, ambos acusados de envolvimento na morte do médico e deputado José Nassar Neto, foi retomado na manhã desta sexta-feira, 24, com interrogatório dos acusados. A previsão é de que a sentença seja proferida no mais tardar às 22h desta sexta-feira, caso seja usado o tempo total previsto em lei.
Na última quinta-feira, 23, foram ouvidos nove peritos que realizaram os laudos que constam no processo, além de dois delegados e mais quatro pessoas, entre elas a mãe da vítima. A sessão começou por volta das 09h, no Fórum de Belém, sob a presidência da juíza Ângela Alves Tuma, da 3ª Vara do Júri de Belém, onde tramita o volumoso processo.
Nos interrogatórios prestados nesta sexta-feira, os réus negaram o crime a afirmaram que passaram cerca de três anos presos injustamente. Manoel foi o primeiro interrogado. Ele confirmou que conhecia a viúva da vítima, Márcia Nassar, e que mantinha relações com ela quando eles se encontravam “nas baladas da noite”, em Icoaraci, distrito de Belém, onde ambos residiam.
Manoel afirmou que a relação com a mulher era sem compromisso e que ambos também se relacionavam com outras pessoas. Ele também confirmou que conhecia a casa da mulher e que ela também freqüentava o apartamento onde Manoel vivia, e até tinha chaves do apartamento.
O debate entre as teses começou nesta sexta-feira, por volta das 14h, com a manifestação da promotora de justiça Rosana Cordovil. Ela sustenta a tese de que Manoel Barreto, em parceria com a viúva da vítima, Márcia Nassar, tramou a morte do deputado. Bernardino, já condenado em sessão anterior, teria sido contratado por um vigia, chamado Pedro, já falecido, que chamou Francisco Cardoso. Já Francisco, por sua vez, combinou com o irmão Francionildo para executarem o crime.
Em defesa do réu Manoel de Melo Barreto está atuando o defensor público Rafael Sarges. A defesa do réu Francisco Dias Cardoso está sendo promovida pelo advogado Américo Leal e Lucas Sá. Os advogados devem se manifestar por tempo igual logo após a manifestação da promotoria.
O ex-deputado José Nassar Neto foi assassinado por volta das 8h do dia 30 de maio de 1997, no interior de sua residência, localizada no Conjunto Maguari, Distrito Industrial de Icoaraci, perímetro urbano de Belém. Dois indivíduos invadiram a casa da vítima e, após dominarem o caseiro, efetuaram dois tiros de arma de fogo, que atingiram a cabeça da vítima.
A polícia apurou que os executores, após a morte da vítima, fugiram num veiculo VW Pointer, branco, que estava na casa da vítima, abandonando-o na Rodovia Augusto Montenegro, poucos quilômetros do local do crime. Os dois executores Bernardino e o então adolescente Francionildo Dias Cardoso foram presos logo após confessaram o crime.
Segundo investigações da polícia, o crime teria sido encomendado pela mulher da vítima, Márcia da Silva Nassar, e seu amante, Manoel do Socorro de Melo Barreto. Conforme a versão dos executores, o casal pagaria R$ 3 mil para Bernardino. Já Francisco receberia a quantia de R$ 8 mil, como intermediário, tendo este último recebido apenas parte do dinheiro acertado.