Homenagens e emoção marcaram missa e cortejo do desembargador
Familiares, amigos, servidores e magistrados do Judiciário paraense e representantes de vários órgãos e entidades participaram da missa de corpo presente do vice-presidente do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), desembargador Cláudio Augusto Montalvão das Neves, realizada na manhã desta sexta-feira, 22, no Salão Nobre do edifício sede do TJPA. O magistrado faleceu quinta-feira, 21.
A missa foi celebrada pelo Padre da Igreja do Carmo, Alberto Breshiane, que iniciou a celebração afirmando que “o momento é doloroso, porém feliz, porque o Dr. Cláudio foi promovido ao paraíso e lá é muito melhor que aqui. Deus escolhe aqueles que estão preparados e o Dr. Cláudio estava”.
Amigo pessoal de Cláudio Montalvão, o religioso relembrou os bons momentos com o desembargador. “Ele sempre me procurava em momentos muitos especiais para pedir oração, me procurou quando foi julgar o caso “Irmã Dorothy”, quando foi fazer exames em outro Estado, e eu sempre orei por ele”, afirmou.
Durante a missa, a presidente do TJPA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, falou do respeito e admiração que tinha pelo magistrado. “Tenho que registrar que o desembargador Cláudio trabalhou muito para chegar aonde chegou. Ele dedicou sua vida a serviço da sociedade e enfrentou momentos difíceis, mas que dignificaram o Judiciário. Era um homem transparente e se rebelava com as injustiças”.
A presidente também ressaltou a dedicação e amor com que ele tratava a família, “Quando o desembargador falava da família seus olhos brilhavam. Ele sempre acompanhou atento a vida e as pessoas que estavam ao seu lado. Ele será exemplo não só aos que ficam, mas aos que irão integrar o Tribunal de Justiça do Pará”, disse.
Após a missa, todos os desembargadores se uniram em volta do corpo do vice-presidente do TJ para prestarem a última homenagem ao magistrado. Ao som do Hino do Pará, o caixão foi conduzido por policiais militares e do corpo de bombeiros, seguindo para o cemitério onde foi sepultado.
Momentos de comoção e demonstração de apreço pelo desembargador marcaram a cerimônia de sepultamento. O filho do magistrado, Flávio Montalvão agradeceu, em nome da família, a todos pela "linda homenagem" prestada ao pai. Trinta coroas de flores foram postas sobre o túmulo, no momento da despedida.
Governo do Estado decreta luto oficial e lamenta a morte do magistrado
Em nota de pesar, o Governo do Estado do Pará, através do chefe do Poder Executivo estadual, governador Simão Jatene, lamentou a morte do desembargador Cláudio Montalvão, e se solidarizou com o Poder Judiciário e familiares do magistrado. O Governo do Pará decretou luto oficial de três dias no Estado. Durante esse período, todas as secretarias e órgãos das Administrações Direta e Indireta permanecerão com as bandeiras a meio mastro, em sinal de luto e respeito.
Na nota, o governador ressaltou que “o desembargador Cláudio Montalvão das Neves foi um exemplo de dedicação ativa por uma sociedade mais justa e igual para todos os paraenses”, somando quase 30 anos de atuação na magistratura estadual.
Confira o depoimento de algumas personalidades sobre o desembargador Cláudio Montalvão
- Desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento - Presidente do Tribunal de Justiça do Pará
“O desembargador Cláudio Montalvão dedicou muitos anos à magistratura paraense. Assumiu casos importantes e os conduziu com dignidade e honra, sempre de uma forma eficiente. Sempre esteve à disposição para ouvir a todos. Essa era a sua personalidade. Em vários momentos, ele me deu tantas opiniões e foi o meu apoio”.
Presidente da Assembleia Legislativa do Pará - Deputado Márcio Miranda
“O desembargador vivia o que pregava, no que se refere ao direito. Ele sabia que tinha que fazer justiça todos os dias. Ele tinha a virtude de enxergar o melhor caminho para não cometer injustiças. Era um homem sábio, que gostava de dizer o que pensava. Ele vivia plenamente e exercia a justiça. Foi um homem justo que exercia o seu pensamento de acordo com o seu conhecimento. A Justiça do Pará perde, mas fica o exemplo”.
- Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará - Desembargador Leonardo Tavares
“Ele era, em primeiro lugar, um lutador. A história do desembargador Montalvão sempre foi de muita luta. Foi uma pessoa que se dedicou à justiça e que, até o momento de sua partida, lutou. Vai fazer falta nas discussões jurídicas. Era um juiz polêmico, no sentido de que sempre procurou aplicar a justiça. Ele fará falta, porém deixou legado”.
- Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará - Jarbas Vasconcelos
“Desde quando era juiz, o desembargador Montalvão sempre foi uma pessoa desprovida de vaidade. A característica principal dele, como magistrado, era ser humano. Ele tinha uma grande sensibilidade pelas causas que julgava”.
- Procurador Geral do Estado - Caio Trindade
“O desembargador trilhou uma carreira brilhante que eu acompanho há muito tempo, desde a época que ele era juiz. Ele era uma referência ao Tribunal, tanto que ocupava o cargo de vice-presidente. Foi uma grande perda para o Judiciário paraense e para a vida pública do Pará”.
- Procurador de Justiça - Miguel Baía
“Eu trabalhei com o desembargador - quando ele era então juiz do Tribunal do Júri - em vários julgamentos. Era uma pessoa justa, um magistrado justo, compenetrado. Uma pessoa que realmente vai fazer falta à magistratura paraense”.
- Secretário de Segurança Pública do Estado - Luiz Fernandes
“É uma perda muito grande para a família. É uma perda muito grande para o Sistema de Justiça e Segurança Pública. Sempre foi muito atuante, muito receptivo. Mas quem perde muito mais é a sociedade. O sistema de Segurança Pública, eu diria, está de luto”.
- Advogado Criminalista - Clodomir Araújo
“O desembargador Cláudio foi uma figura que honrou o Poder Judiciário do Estado do Pará. Como homem, como pai, como filho, sempre se teve com transparência e honestidade. Foi um homem, acima de tudo, muito humilde e caridoso. Que ele possa ir em paz”.