Por falta de provas consistentes, principalmente depois que uma das vítimas reconheceu que mentiu ao apontar os acusados, o promotor Adleer Calderaro pediu a absolvição dos réus Madson Luís Pereira Bentes, vulgo "Madinho", 33 anos, e Moisés de Sousa Dourado, vulgo "Gargamel", 29 anos. O julgamento foi realizado em Santarém e terminou às 18h da última quinta-feira (10), depois de 11 anos da morte do adolescente João Darci Guimarães Brito, à época com 17 anos, e da tentativa de assassinato de outros dois jovens, Vilson Rodrigues e José Antônio Aguiar.
A previsão era que o júri se estendesse até esta sexta-feira (11), mas a maioria das testemunhas não foi encontrada e com o encurtamento dos debates, terminou antes do previsto. Os jurados, por maioria de votos, acataram a tese do Ministério Público, que foi corroborada pelos advogados Felipe Martiniano, Igor Dolzanis e Wilton Dolzanis. O juiz Gerson Marra Gomes leu a sentença de absolvição e os réus comemoraram com as suas famílias, que se encontravam em grande número na plateia.
Feitiço contra feiticeiro - Calderaro disse, ainda, que vai analisar a abertura de novas investigações no caso, diante do depoimento de outra testemunha de que os verdadeiros autores do crime teriam sido outros dois integrantes de gangue conhecidos pelos nomes de "Guilherme" e "Corujinha", além de iniciar um procedimento de denunciação caluniosa contra as vítimas e testemunhas que acusaram os réus e depois voltaram atrás nas denúncias. A defesa chegou a alegar que a inclusão dos réus no processo teria sido a vingança de um policial, pois a mulher dele teria tido um caso com um dos acusados. Porém, nomes não foram citados.
Pelos depoimentos, a hipótese de que o crime foi realmente por causa de uma rixa de gangues era a mais indagada. A vítima fatal, segundo se apurou, também teria participação na “gangue do laguinho” ou “do mercadão”, e teve problemas com outros integrantes da gangue. Foram citados também os nomes das gangues da “praça 14” e “moleques de aparecida”, que teriam sido os responsáveis em atirar em João Darci e mais um grupo de amigos que bebia ao pé de uma mangueira. Uma das vítimas que sobreviveu ao ataque, e que talvez tivesse ligação com a “gangue do almirante”, acabou inocentando os dois réus e disse que à época era garoto e "foi na onda dos outros moleques", que teriam resolvido jogar a culpa nos dois réus.
O Tribunal do Júri de Santarém encerra temporariamente as suas atividades, devendo retornar no próximo dia 22 de julho. As sessões previstas para os dias 15 e 17 foram canceladas, mais uma vez, por falta de promotores para atuar nos casos.