Lydia Mametez visitou a presidente da CEJAI, no TJPA
Lydia Mametez é natural de Vigia de Nazaré. Em 2002, aos sete anos, por intermédio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Pará - CEJAI-PA, foi adotada por um casal francês. Hoje, aos 27 anos, ela é formada em Comércio exterior, trabalha como gerente de caixas em um supermercado em Fontainebleau, localidade próxima a Paris, onde possui casa própria e mora com o filho de quatro anos. Nesta sexta-feira, 24, Lydia foi recebida pela Corregedora Geral da Região Metropolitana de Belém, desembargadora Nazaré Saavedra, no gabinete da CEJAI- PA, junto à secretária executiva da comissão, juíza Rubilene Silva Rosário e pela equipe técnica da CEJAI.
Na ocasião, Lydia fez um depoimento à desembargadora sobre sua trajetória de adoção internacional, relatou uma vida cercada de maus-tratos cometidos por sua família, anterior à mudança para o lar de acolhimento em Belém e à adoção internacional, e disse que um encontro com a advogada Jaqueline Magaieski mudou sua vida.
“Para mim, ter sido adotada foi como nascer de novo. O processo foi rápido, desde que fui ao abrigo e meus pais me adotaram pouco tempo depois. Um dia a Jaqueline, minha advogada, foi ao abrigo e disse que arranjaria uma família para mim. Fiquei muito contente. Depois disso minha vida começou. Ela me tratou muito bem e me passou confiança. Primeiro meu pai veio sozinho me ver, me apaixonei muito por ele, porque para mim seria uma nova vida, uma pessoa que daria novas oportunidades de ser alguém melhor. Depois minha mãe veio junto com ele, e ficamos em um hotel um mês inteiro, onde aprendemos a nos comunicar juntos, porque eu não falava francês e eles não falavam português. Depois fui para a França e lá foi diferente e foi muito legal”, contou Lydia.
Na França, Lydia disse que teve acesso à escola pela primeira vez. Após terminar os estudos, trabalhou como recepcionista em diversos hotéis em Paris e fez vestibular para o curso de Comércio Exterior. “Para mim, o acesso à escola é algo que não teria tido oportunidade se não tivesse sido adotada, pois a primeira vez que fui à escola foi na França”, disse. “Hoje, não moro mais com meus pais, que se mudaram para uma casa perto da Alemanha. Agora tenho minha própria casa, moro com meu filho de quatro anos e trabalho também. Tenho uma vida muito boa”.
A desembargadora Nazaré Saavedra explicou na ocasião que a CEJAI-PA tem por objetivos garantir o cumprimento das normas referentes a adoção internacional, proteger os direitos de crianças e adolescentes e julgar pedidos de habilitação dos pretendentes à adoção no exterior, para que possam ser inseridos no Sistema Nacional de Adoção (SNA).
A desembargadora observou que o processo de adoção internacional é feito em várias etapas, que obedecem a critérios rigorosos. Durante o período de adoção e pós-adoção, a CEJAI-PA atua em conjunto com organismos internacionais no acompanhamento da criança adotada, feito por meio de um relatório semestral, durante o período de dois anos, pelo organismo internacional credenciado no Brasil. Devem constar do relatório a prova do estabelecimento da criança no país de acolhimento, que deve ser comprovada por meio do registro civil, bem como outras informações, como a adaptação à cultura e ao idioma e rotina escolar. O relatório, que cumpre a determinação da lei 5491/2005, é enviado à CEJAI e à Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF), que procedem à verificação dos dados informados. Caso o relatório não seja prestado no prazo, o organismo internacional pode ser descredenciado.
“A adoção internacional é um processo muito sério. Existem muitas exigências para que seja confortável àquela criança sair de seu país e ir morar em outro. Existe todo um cuidado, um acompanhamento, e todos esses passos são tomados para que seja garantida a ida dessa criança com conforto a outro país”, avaliou a desembargadora Nazaré Saavedra.
No exterior, os pretendentes passam por um curso de preparação à adoção, que tem duração média de dois anos. O histórico da criança é apresentado aos futuros pais, e a criança tem autonomia para dizer se quer participar do processo de adoção internacional ou não. Inicia então o período de aproximação, no qual a família pretendente à adoção envia informações à CEJAI e à criança e são promovidos encontros entre pais e crianças.O perfil preferido por pretendentes à adoção que residem no exterior é de crianças maiores de sete anos, pertencentes a grupos de irmãos.
O cadastro de residentes no exterior conta com 846 pretendentes, segundo dados do Sistema Nacional de Adoção (SNA) habilitados a adotar crianças brasileiras. Pretendentes à adoção residentes no exterior devem procurar no país de acolhimento a autoridade central de adoção internacional, credenciada no Ministério da Justiça do Brasil, que conta com 26 instituições cadastradas.