Denúncia aponta envolvimento de policiais e suposto grupo miliciano
O juízo da 3ª Vara do Júri de Belém, presidido pela juíza Angela Alice Alves Tuma, começou nesta quinta-feira, 12/12, a instrução do caso que apura execução do advogado Luiz Augusto Pinheiro Carvalho, 53 anos, executado na noite de 24 de agosto de 2017, na avenida Bernardo Sayão, bairro do Jurunas, em Belém. O advogado foi morto com nove tiros de arma de fogo, disparados por um grupo supostamente integrado por milicianos.
Oito pessoas, entre comerciantes e policiais, todos respondendo ao processo em liberdade, são denunciados por homicídio qualificado e por formação de organização criminosa.
A audiência começou às 10h e encerrou às 14h, com informações prestadas pelo delegado Glauco Valentim do Nascimento, da Divisão de Homicídios. Em razão do número acusados e testemunhas, a juíza agendou para os dias 12 e 13 de março de 2019 as audiências de continuidade. Estavam presentes mais de 10 advogados habilitados pelos réus.
O primeiro a prestar informações técnicas foi o delegado Glauco Valentim, da Divisão de Homicídios, que fez um relato da linha investigatória adotada para chegar aos denunciados. Conforme as declarações da autoridade policial, dois dos executores foram baleados pela vítima, executada em seguida com nove disparos de arma de fogo. Conforme levantamento da Polícia, a vítima passou a sofrer ameaças de morte e por isso chegou blindar o veículo.
A segunda pessoa ouvida, noiva de um dos acusados, Nikolle Ribeiro Melo, é médica da Unidade de Pronto Atendimento de Marambaia. Nykolle atendeu o policial militar Genilson André Miranda Carreira, atingido por disparo da arma na mesma data em que o advogado trocou tiros e foi executado. Segundo ela, não existe meios, naquela Unidade de Saúde, para identificar se o ferimento no paciente fora produzido por arma de fogo, arma branca ou qualquer outro meio. A informante alegou que orientou o ferido procurar atendimento em hospital com mais recursos.
A médica disse que fez o atendimento por solicitação do policial militar Herivelto Tamerson Pereira Cardoso, à época seu amigo e atualmente noivo. Herivelto é um dos acusados de executar o advogado, e integrar organização criminosa.
Nykolle disse que não é costume de profissionais de saúde indagar acerca de detalhes de lesões apresentadas pelas pessoas atendidas nessas unidades.
O crime
O advogado e procurador do Amapá aposentado Luiz Augusto Cardoso foi morto ao sair do interior do seu carro blindado, após o veículo ser fuzilado. Luiz Augusto resolveu sair do veículo e efetuar disparos de arma de fogo e acabou executado, atingido com nove disparos vindos de um segundo veículo que chegou no sentido contrário. O advogado morreu no local.
O crime ocorreu por volta das 20h, do dia 24/08/2017, em via pública, na Avenida Bernardo Sayão, bairro do Jurunas, Belém.
Os réus são: Maurício Piquet Pereira, 32 anos; João Renato da Costa Carvalho, 30 anos; PM Genilson André Miranda Carrera, 28 anos; Allan Carvalho Cardoso, 22 anos; PM Herivelton Tamerson Pereira Cardoso, 31 anos; PM Carlos Alberto Sanches de Lima, 31 anos; Cláudio José Angolo da Silva; PM Roosevelt de Nazare Silva, 45 anos.